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Gostaria que alguém do 2711 me conseguisse explicar o facto de terem sido suspensas as obras do TGV, e hoje termos presenciado em alguns serviços noticiosos o facto das mesmas estarem a decorrer a um ritmo acelerado. Mais uma vez confirmamos que vivemos num pais de contradições e de mentira constante nas mais diferentes áreas !
Politicamente defunta por ter dito basicamente o que ainda diz, Manuela Ferreira Leite reafirmou esta segunda-feira ser contra a construção da linha ferroviária de alta velocidade (TGV) entre Lisboa e Madrid, com o argumento de que Portugal «não tem dinheiro para pagar». Claro que tem: postos a pão e água pelo insofrido Governo, por ele esbulhados e esmifrados, se há dinheiro para a ASCENDI também haverá para o TGV. Deixemos de comer que tudo se resolve.
O troço do TGV entre o Poceirão e a fronteira de Caia custa quase três mil milhões de euro, ou seja, o dobro do que foi anunciado. Resumindo, ligar a capital Poceirão à Europa é pornograficamente caro.
Sim, eu acreditava que a capital de Portugal era Lisboa. Afinal o dinheiro dos portugueses não vai para Lisboa, mas sim para a capital Poceirão. As minhas desculpas Manuel.
Depois de a Espanha ter adiado o seu projecto de alta velocidade, vulgo TGV, será lógico que Portugal siga o mesmo caminho. Ligar o Poceirão ou Lisboa, com a nova travessia, à fronteira seria transformar o TGV num intercidades armado ao pingarelho.
Alimentar elefantes brancos em tempos de vacas magras, alimentando esses elefantes com a ração comprada para essas pobres criaturas, que de tão magras até já se vê o osso, só pode ser gozo.
Argumentou-se que a Ponte 25 de Abril estava esgotada com tanto tráfego, que era precisa uma nova travessia. Fez-se então a Vasco da Gama, uma obra importante, mas também uma obra de regime.
Agora, não satisfeitos, está a ser preparada uma nova travessia, esta sem o argumento da construção anterior. Para tal importante obra, acredito que colocar mais automóveis dentro de Lisboa só irá melhorar a qualidade de vida da cidade, o governo irá desviar os fundos que seriam aplicados na linha do TGV, agora abandonada, Lisboa-Porto.
Sinceramente, a única coisa que está esgotada é a paciência do Norte em relação a estes esbanjamentos.
Par além de uma possível taxação do 13 mês, mais a subida do IVA, o Governo prepara a criação de uma tributação extraordinária de um por cento para quem aufere até cinco salários mínimos, o que equivale a 2375 euros por mês. Quem ganhar acima desse valor será tributado em 1,5 por cento.
Tirando quem ganha o salário mínimo, que não será atingido, todos os outros vão pagar a correcção do défice. Enquanto isso, ali ao lado está a ser preparada a construção do TGV, nesta versão nem chega a Lisboa, num endividamento faraónico.
Em tempos, aqui no blogue, escrevi alguns textos onde defendia o investimento publico. Hoje mantenho a minha posição, mas com uma pequena/grande alteração.
Dada a crise e a situação grave de endividamento do estado, acredito no investimento publico direccionado para áreas importantes, que digam respeito ao comum cidadão.
A modernização de uma país não passa por um TGV, por um novo aeroporto, nem na construção de uma nova travessia sobre o Tejo. Essa modernização passa pelo incentivo à modernização das nossas empresas. Não falo de apoio a fundo perdido, não falo em novas tecnologias, falo em apoio à modernização de sectores que já existem e estão colocados ao abandono ou em risco de fecho. Desde a agricultura, as pescas, a industria metalúrgica, no turismo... existem inúmeros sectores a precisar de um empurrão, mas não um subsidio.
Se o estado quer dinamizar a construção, a criação de empregos, faça investimento em novas infraestruturas, sem nelas incluir autoestradas cor-de-rosa. Avance na modernização de hospitais, construção de escolas, reconstrução de zonas degradadas, investimento na segurança, mais esquadras, mais policias, apoios junto das câmaras municipais para a reconstrução e requalificação das áreas urbanas...
Já não bastaram as obras de regime?
- A expo98. Local supostamente de baixa densidade, virada para o Tejo e agora transformada num monte de edifícios em cima do rio.
- Os estádios do Europeu. Hoje, muitos deles completamente ás moscas e a dar prejuízos.
O problema, algo que não é de agora, é muito governante achar que deixar "elefantes brancos" por esse país fora o vai colocar na historia.
José Sócrates vai começar a sua obra de regime, mas esta será em viaduto por cima da pobreza de pelo menos 20% dos portugueses.