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Quando parecia que a tempestade dos swaps teria já passado e que Maria Luís Albuquerque - mais trapalhada menos trapalhada, mais mentira menos mentira, mais omissão menos omissão – poderia agora dormir um bocadinho melhor, surge Almerindo Marques na comissão parlamentar de inquérito a garantir que a Estradas de Portugal, antes de fazer o seu swap, pediu parecer ao Instituto de Gestão do Crédito Público. E que esse parecer não só foi positivo como vinha justamente assinado por Maria Luís Albuquerque.
Já todos há muito sabíamos que a ministra das finanças estava metida nesta estória dos swaps até às orelhas. Que mentira descaradamente no Parlamento e que, para a proteger, o governo a nomeara juíz em causa própria. Que até arquivos foram destruídos...
O que não imaginávamos era que os factos resistissem tanto. E que teimassem em não deixar esquecer aquilo que toda a gente quer que se esqueça!
Aos bancos tudo serve para fazer dinheiro. Até o papel de virgem ofendida, como faz o Santander Totta … Pão com manteiga dos dois lados!
Parece que, dois meses depois, Maria Luís Albuquerque conseguiu encontrar alguém para a Secretaria de Estado do Tesouro que não estivesse chamuscada pelos swaps.
Foi meio em segredo. Vamos a ver…
Então se o português comum, contribuinte, tem de guardar (armazenar!) as suas faturas, recibos e outros documentos tais por um prazo de 5 anos, senão pode incorrer em coima se for requisitada a sua apresentação pelos serviços tributários, porque raio será que na Inspeção Geral de Finanças a prática seja diferente?!
Serão os contribuintes uma espécie de "armazém" gratuito?
Ou não seria de bom tom, as "Finanças" terem como prática aquilo que exigem aos contribuintes?
É que convenhamos, as Finanças "gerem" o nosso fundo de maneio e o contribuinte apenas gere o que é dele próprio...
Por isso, este tipo de atitude apenas suscita a ideia de que se quer apagar o que de mal se fez...algures...
E não deveriam também as empresas tuteladas pelo Estado, manter em arquivo digital ou noutro suporte qualquer, os seus dados e operações financeiras durante o seu tempo operacional?!
Mais uma vez, volto a relembrar que o cidadão comum tem a obrigação de guardar a sua documentação por 5 anos!
Isto tudo causa-me a impressão de que afinal se gere tudo sem peso e medida, numa espécie de "navegação à vista", onde qualquer um pode ser o timoneiro sem que existam responsáveis a quem pedir a sua responsabilização criminal pelas gestões danosas ou más políticas financeiras que causaram graves prejuízos ao Estado e à tesouraria das mesmas empresas. O pior ainda é que este tipo de gente parece ser escolhido a dedo para tais propósitos a ver pela sua conduta... ou não fossem os balanços anuais das empresas uma clara demonstração do que (não!) fazem.
Mas também a atuação do IGF não é a melhor, pois se assim o fosse, não estaríamos neste momento a conviver com estes problemas todos, nem sequer a ter motivo para ler este mesmo post...
Isto já começa a enojar...
Para a sua própria substituição a ministra, enterrada nos swaps até às orelhas, escolheu alguém tão enterrado quanto ela. Que se manteve um mês em funções, sob fogo cerrado. Até à demissão, sem uma palavra da ministra – uma única!
Talvez por isso seja a própria ministra a substituí-lo, o que quer dizer que se substitui a si própria. Isto começa finalmente a fazer algum sentido... É a coesão, em circuito fechado...
Ninguém consegue ver é como é que isto pode chegar a 2015.
A ideia do PS de pedir um esclarecimento sobre a questão dos contrato swap é bastante acertada. Será importante saber quem vendeu e pouco interessante saber quem comprou.
O governo, ao contrário do que prometera no briefing de ontem, não tirou tudo a limpo. Borrou ainda mais a pintura, mesmo que para o secretário de estado desse no mesmo. Demitiu-se. Obviamente!
Não podia ser de outra forma, mesmo que Joaquim Pais Jorge continue a pretender trocar as voltas à verdade, como faz na carta - que também não é carta de demissão – que tornou pública, supostamente a justificar a decisão. E é uma demissão que apenas pecou por tardia!
Em boa verdade o pecado capital está antes, na nomeação. Na escolha que a ministra das finanças fez para se fazer substituir a si própria. Pecado que, não houvesse outras razões - e há -, seria suficiente para arrastar também a sua queda.
De resto é hoje claro que apenas o efeito dominó impede a queda da ministra: justamente a peça que, tombando, arrastaria na queda o primeiro-ministro, e naturalmente o sólido e coeso governo que formalmente lidera. Por isso, e só por isso, não tombou já!
Depois de tudo o que se tem visto no Mi(ni)stério dos Swaps, das velhas trapalhadas swapeiras da ministra das finanças e das mais novas, que não menos trapalhonas, trapalhadas do novo secretário de estado do tesouro, o governo fez hoje um briefing intercalar para anunciar que vai tirar tudo a limpo.
Um dos homens dos briefings - o outro deve estar de férias - veio dizer que vai esclarecer tudo até ao fim do dia. O mesmo que há dois ou três dias dava tudo por esclarecido e arrumado. Não havia qualquer razão para alimentar a polémica!
Este Verão não tem silly season. E desconfio que Manta Rota, mesmo que as notícias lá não cheguem, como já deu para perceber que não chegam, não seja dos sítios mais traquílos deste Verão!
Se tirarem tudo a limpo ... Valha-nos que ninguém está interessado nisso...
O Ministério da Finanças vai ter de mudar o nome para Mi(ni)stério dos Swaps.
A ministra agora já diz que o secretário de estado do governo anterior, que antes não tinha dito nem passado nada, afinal não lhe apresentou foi solução nenhuma. E o novo secretário de estado - Joaquim Pais Jorge, que justamente a substituiu quando ela subiu a ministra - afinal ainda quis impingir mais uns swaps marados ao governo anterior, para esconder umas coisas...
Vamos ver se percebo. Quando rebentou esta estória o governo correu com os secretários de estado que tinham responsabilidades na coisa. Todos, menos esta senhora, que ensinou Economia a Passos, na Lusíada e a quem é entregue a responsabilidade pelo inquérito à coisa. A senhora, enterrada até às orelhas na coisa, é promovida a ministra e ... quem é que convida para o lugar que vai deixar vago?
Um vendedor de swaps, pois claro!
Assim vão as coisas no Mi(ni)stério dos Swaps...
Teixeira dos Santos diz que avisou Vítor Gaspar dos swaps. Vítor Gaspar confirma, mas diz que a informação não era suficiente. Maria Luís Albuquerque continua a dizer que não recebeu informação coisíssima nenhuma. Que não sabia de nada... Mas já diz que não há problema nenhum, que isso nada custou aos contribuintes, porque o que se perdeu de um lado ganhou-se noutro…
Pronto: Vítor Gaspar sabia mas não disse nada à sua secretária de estado, e o PS quer saber porquê. Mas Aguiar Branco, mesmo ocupado a falar de combate a incêncidos, garante que o governo fala sempre verdade. E defende - o ministro da defesa serve para defender - a secretária de estado, que também é do governo. Que fala sempre verdade!
Apetecia-me dizer: puta que os pariu! Mas não digo - afinal foi assim que nos vimos livres do Gaspar...