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Um fim de semana em cheio. Depois de fugir e de se esconder, em Braga, Portas descobriu a mulher, em Vagos.
Calma, não se apressem. Portas não descobriu uma mulher, não encontrou a cara metade para lhe "organizar a casa, pagar as contas a dias certos, pensar nos mais velhos e cuidar dos mais novos". Portas não descobriu mulher nenhuma, aproveitou apenas terreno fértil para recriar a mulher do doutor Salazar, como ele gosta de respeitosamente pronunciar!
Olhe, doutor Portas, caso não tenha reparado, isso já não se usa. Quero dizer-lhe, agora eu muito respeitosamente, que o doutor Salazar pensava assim, mas já foi há muito tempo...
Em entrevista a António Ferro, Salazar defendia que os portugueses deviam ser levados a “viver habitualmente”.
Nessa modesta aspiração residia a própria salvação de Portugal.
Mas o homem que vivia nessa «casa modesta» e «despretensiosa», vestindo «um fato simples de alfaiate modesto», era o vencedor, contra tudo e contra todos, com indómita tenacidade, «sozinho em frente da crise», do descalabro financeiro do país. Isso mesmo teria transformado o seu nome no «estado de espírito dum País na sua ânsia de regeneração». Permitindo-lhe, agora, chegado à chefia do Governo, aplicar a sua receita do equilíbrio orçamental «ao orçamento errado, desequilibrado, da própria raça», dando ao seu «défice de virtudes» o mesmo combate metódico e tenaz que impusera ao das contas públicas.
(in Salazar e o Poder, A arte de saber durar, de Fernando Rosas)
Quando Vítor Gaspar diz que existem serviços públicos pelos quais os portugueses não estão dispostos a pagar, está a defender o mesmo princípio de uma vida modesta e despretensiosa. Uma vida dedicada a esse bem supremo do equilíbrio do Orçamento de Estado. O regresso a um viver habitualmente, depurador da raça e regenerador da pátria.