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Tanta hipocrisia...

por Eduardo Louro, em 06.12.13

Temos o muito nosso hábito de transformar os mortos em pessoas perfeitas. Um tipo pode não ter sido lá grande coisa em vida, mas logo que morre passa a ser o melhor do mundo… É normalmente assim em Portugal, e a isso chama-se hipocrisia. Em que também não somos nada maus…

A morte de Mandela mostrou-nos que essa hipocrisia não é um exclusivo nacional, mas mostrou-nos também que nem no caso deste Homem ímpar deixamos os nossos créditos por mãos alheias. A unanimidade à volta de Mandela não é assim tão desprovida dessa hipocrisia. Por exemplo, foi bonito de ver o discurso de Obama, elevando Mandela à categoria de seu mentor, de exemplo no passado e de luz para o futuro. Mas Mandela manteve-se proscrito nos Estados Unidos até 2008, foi mesmo até então considerado terrorista…

Também o Presidente Cavaco - que atinge o ridículo - e o primeiro-ministro Passos, não pouparam nos encómios, deixando a ideia que também em Portugal se não fugia à unanimidade em volta desta que é uma das maiores figuras da História Contemporânea. Tem sido no entanto recordada uma das últimas iniciativas em sede de plenário da ONU contra o regime do apartheid, em 1987, numa votação em que se pedia a libertação de Nelson Mandela, onde o governo presidido por Cavaco levou Portugal a votar contra, ao lado dos Estados Unidos, de Regan, e do Reino Unido, de Tatcher.

Ouvido sobre assunto, o actual ministro dos negócios estrangeiros engasgou-se - mas isso já é costume em Rui Machete – acabando por se limitar a invocar a sinceridade dos sentimentos manifestados agora pelo governo português. Mais refinadas foram as declarações de João de Deus Pinheiro, ministro dos negócios estrangeiros (MNE) daquele governo de Cavaco, para quem a decisão teria sido de um qualquer director geral. Dele – MNE – não tinha sido e que Cavaco não tinha tido nada a ver com aquilo. Que o que importava relevar era o papel do agora Presidente da República no fim do apartheid na África do Sul, vejam só.

Maior hipocrisia é impossível!

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O erro

por Daniel João Santos, em 12.11.13

Por muito que Passos desvalorize as afirmações do ministro Rui Machete, um erro é um erro e Machete é dos bem grandes.

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Corrida ao Guiness

por Eduardo Louro, em 11.11.13

 

 

Rui Machete corre desesperadamente atrás de um lugar no Guiness. A concorrência é forte, mas começa a ser difícil roubarem-lhe o recorde do mais incompetente ministro de um governo.

Já assegurada está a incrição no famoso livro como o ministro que mais disparates diz, graças ao joker que a qualidade de Ministro dos Negócios Estrangeiros lhe garante...

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O fim anunciado

por Eduardo Louro, em 15.10.13

 

 

No discurso sobre o estado da Nação, hoje, na Assembleia Nacional de Angola, José Eduardo dos Santos declarou o fim da parceria estratégica com Portugal - seja lá isso o que for - cuja consequência imediata e óbvia é o cancelamento da cimeira agendada para o próximo mês de Fevereiro, em Luanda.

Não há qualquer surpresa nesta posição. Quem viesse acompanhando nos últimos dias a escalada de violência editorial do Jornal de Angola, depois de conhecidas as absurdas, insensatas e estúpidas declarações do ministro Rui Machete à Rádio Nacional de Angola, percebia que isto estava prestes a suceder.

Isto, seja lá o que for, é para levar a crédito deste incrível ministro dos negócios estrangeiros. Que, pelo que afirmou, Passos Coelho mantinha no governo para não prejudicar as relações com Angola. Pois!

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Hipocrisia

por Eduardo Louro, em 13.10.13

Não é apenas nas suas condições económicas e sociais que o país atingiu a degradação máxima. A situação calamitosa do país mede-se ainda, e provavelmente com mais precisão, pela degradação moral e ética a que chegou.

A perda de soberania que o resgate arrastou não explica tudo, nem nada que se pareça. Perder soberania não tem que implicar a perda de dignidade. Nem sequer do direito ao respeito!

Infelizmente somos governados por gente que não percebe ou não quis perceber isto, gente que em vez do tronco direito e cabeça bem levantada prefere a posição de cócoras. Gente que irá morrer sem perceber que, quanto mais servis, mais desprezados. Como se tem visto de Bruxelas e Berlim e como entra agora pelos olhos dentro em relação a Angola!

Quando se perde o respeito, perdem-se todos os valores de referência moral e ética e é a demagogia e a hipocrisia que passam a dominar as relações sociais e políticas.

Para fazermos uma ideia da hipocrisia instalada no país peguemos apenas em dois dos casos mais relevantes da semana que hoje termina: chamemos-lhe o caso Rui Machete e a subvenção vitalícia dos políticos ou, com mais rigor, dos que exerceram cargos políticos de poder.

Não é para voltar a referir incorrecções factuais, nem sequer eventuais comportamentos criminosos do incrivelmente ainda ministro dos negócios estrangeiros. É apenas para dar nota da ausência do PCP nas críticas ao escabroso pedido de desculpas diplomáticas a Angola. Toda a oposição condenou – e atacou fortemente - o ministro. À excepção do PCP!

Na penosa audição da passada terça-feira o PCP conseguiu a proeza de interrogar o ministro sem uma única pergunta sobre o caso angolano. Em semana de prémios Nobel, este seria um sério candidato ao prémio Nobel da hipocrisia!

Deve dizer-se em abono da verdade que o PCP não esteve sozinho nesta sua atitude. Também Maria de Belém achou que deveria aproveitar a presença do ministro, não para o questionar sobre o que ali o trazia, mas sim sobre a lei orgânica do ministério…

Depois da hiper-hipocrisia de Paulo Portas no final da semana anterior, quando ao lado de Maria Luís Albuquerque garantia que não havia mais austeridade nenhuma, o PSD deixou o CDS sozinho a falar do corte das pensões de sobrevivência, já conhecido pela TSU das viúvas onde, de resto, hipocrisia e demagogia foram coisas que não faltaram, com Paulo Portas a dar exemplos de pensões de 4 mil euros e Motas Soares a subir ainda a mais a parada, para 5 mil euros. Logo que deu por isso, que ficava com a cara colada àquele corte, o CDS tira da manga o corte nas subvenções vitalícias dos políticos.

Estas subvenções, que nada de contributivo têm, vão parar aos bolsos de toda a gente que desempenhou cargos políticos, que acumulam com os seus vencimentos de banqueiros, de presidentes de empresas públicas, ou de administradores das principais empresas privadas que, por via das PPP ou das rendas negociadas com o Estado, têm lugar á mesa do orçamento. E, naturalmente, só tinham que ter sido integralmente cortadas antes do primeiro corte nas pensões!

O CDS, logo seguido do PSD - que agora está de olho bem aberto para não se deixar comer pelo parceiro de coligação – sugeriu um corte de 15%, se bem que logo tenha avançado que, correcto mesmo, seria cortá-lo na totalidade. Repare-se que se trata de CDS e PSD, nada de governo, do governo que entretanto ia alimentando as fugas de informação que importavam.

Entretanto, o PS que nunca está de acordo com nada do que venha daqueles lados, veio logo a correr dizer que achava muito bem, que era justo … o corte de 15%. Antes que a ideia de acabar com esta marmelada avance, vamos já segurar isto por aqui!

Manuel Alegre saiu de imediato para o campo de batalha: era o que faltava, isto é um hediondo ataque aos políticos. E, também aqui, o PCP se lhe junta…  

Não há dúvida: estamos entregues à bicharada. Quer dizer, à hipocrisia.

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Feitiços, feiticeiros e ironias do destino

por Eduardo Louro, em 07.10.13

 

O problema nem é se Machete apresentou diplomaticamente desculpas ou se apresentou desculpas diplomáticas. O problema é que depois dá nisto

O problema nem é se muito do que ali está escrito é mentira. O problema nem sequer é que lá esteja escrito que "Portugal está no centro de uma grave crise social e económica sem fim à vista". “O Estado Social que nasceu com a Revolução de Abril tem sido friamente destruído pelas elites reinantes. Os fundos de coesão da CEE foram desbaratados por cleptocratas insaciáveis que à sombra de partidos democráticos se comportaram como vulgares ladrões sem sequer se disfarçarem com colarinhos brancos”.

O problema é que isso até verdade!

O problema é que é também verdade que “Face ao esvaziamento dos cofres públicos, até as pensões e reformas dos idosos são confiscadas. Milhares de jovens quadros são obrigados a procurar em países estrangeiros o pão nosso de cada dia”.

Machete abriu também esta porta e espreitando lá para dentro vemo-lo lá, em todos os cantos… Ladrões, dizem eles…Cleptocratas!

O feitiço contra o feiticeiro? Ou simplesmente ironia do destino?

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Que gentinha, esta...

por Eduardo Louro, em 04.10.13

O Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) pediu desculpa – desculpa diplomática – às entidades angolanas pelas investigações da Justiça portuguesa a altas figuras do regime. E disse-lhes que estivessem tranquilos, que soube pela Procuradora Geral da República (PGR) que nenhuma situação é grave.

Joana Marques Vidal, a PGR, desmente e lembra que Portugal é um Estado de Direito, onde há separação de poderes.

O Primeiro-Ministro é interpelado sobre o caso no Parlamento mas ignora-o, acha que não tem nada que responder.

Na SIC Notícias, há momentos, a deputada e vice-presidente do PSD, Teresa Leal Coelho, que já vimos que é mulher para tudo o que seja disparate, e que não sabe o que é vergonha, nega a evidência e tem lata para, perante o registo das declarações, dizer que o ministro não está a dizer aquilo que está a dizer. Perplexo, o Mário Crespo - até o Mário Crespo, vejam bem - volta a passar as declarações, para que ela se não enterre mais. Imperturbável, a senhora deputada volta a repetir que o ministro não está a dizer aquilo que continuamos a ouvi-lo dizer.

Rui Machete soma e segue e continua MNE... Porque isto é Portugal, hoje e agora!

Que gentinha, esta ...

 

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Soma e segue

por Eduardo Louro, em 04.10.13

Rui Machete soma e segue… Sempre a abrir, que se lixe a podridão ... Pé no fundo, que é só mais uma incorrecção factual!

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Fora de rota

por Eduardo Louro, em 26.09.13

 

 

Um barão é isto. O barão nasceu e cresceu no regaço do cavaquismo e reproduziu-se no aconchego do bloco central dos interesses, no centrão, no núcleo do regime.

O barão tem um percurso natural: do governo para a vida. Parte do governo – onde a prepara - para chegar à vida, ao conforto de uma vida institucional e empresarial cheia e preenchida. É um percurso de um só sentido, sem retorno: uma vez lá chegados, não mais regressam…

A escolha de Rui Machete para o governo foi um dos grandes absurdos de Passos Coelho. Por todas as razões, mas também por esta - pelo regresso contra-natura, fora de rota!

Por isso nunca mais saiu das primeiras páginas dos jornais. Por isso nunca mais de lá sairá, na espiral de “incorrecções factuais” e “erros involuntários” que fazem “a podridão dos hábitos políticos”!

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Gente Extraordinária *

por Eduardo Louro, em 18.09.13

 

 

Acabo de tomar conhecimento da reacção do ministro dos negócios estrangeiros ao relatório do FMI que recomendava calma na austeridade, aqui referido, e fiquei maravilhado. Eu, convencido que eles estavam a gozar connosco…

Disse ele, Rui Machete:

  • "Não esperar alterações muito significativas na discussão das medidas concretas a serem adoptadas";
  • Que "a situação tem uma dinâmica interessante, mas que ainda não se traduziram no terreno as considerações 'filosóficas' veiculadas pelos organismos superiores do FMI";
  • "O que é uma situação normal. Os organismos levam algum tempo a mudar e, portanto, nós esperamos acabar o período de vigência do memorando de entendimento antes que essa discussão termine, senão levaria muito mais tempo a ser realidade".

Afinal, pensei eu, Rui Machete estava a vingar-nos e a gozar com eles, sem dó nem piedade.

Inquietei-me logo a seguir: não estaria, também ele, a gozar connosco?

E tranquilizei-me, imediatamente depois: nada disso, coitado. É da idade!

 

 

* Da série Gente Extraordinária, no Quinta Emenda

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