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Primeiro, foram os maquinistas, uma greve que se prolongou por dois meses, com interrupções pelo meio (vá lá). Mas havia blocos de quatro ou cinco dias de greve seguidos, pondo os utentes dos comboios alemães muito mais do que à beira de um ataque de nervos.
Depois, foram os educadores infantis (digo no masculino, pois, embora poucos, há alguns homens nesta profissão). A greve também se alongou, sem solução à vista, um bico de obra para os pais, que não sabiam o que fazer aos rebentos, a fim de poderem ir trabalhar. O conflito está longe de ser resolvido, mas meteram-se uns mediadores, a fim de facilitarem as negociações entre o sindicato e a entidade patronal (neste caso, as autarquias) e, num caso destes, é proibido fazer greve.
Agora, são os Correios. Por tempo indeterminado! Começou ontem, sendo a adesão ainda pouca. Mesmo assim, ficaram cerca de sete milhões de cartas por entregar ao destinatário. Prevê-se que, à medida que a greve avance, haja cada vez mais adesões. Receia-se o caos.
Aparência nº 1 destruída:
- no país da Merkel, nem tudo são rosas
Aparência nº 2 destruída:
- digam o que disserem, o correio tradicional ainda tem um peso enorme na sociedade
Três meses depois das eleições – que se diria se isto acontecesse noutro país europeu, mais a sul – a Alemanha irá finalmente apresentar amanhã o novo governo. Fossem eles mais dados a estas coisas do Natal e dir-se-ia que era a prenda no sapatinho dos alemães. E não só, porque, mesmo não querendo, nestas coisas já somos todos um pouco alemães!
Schauble, o amigo de Gaspar - do Vítor, não é do rei mago - lá continuará a mandar nas finanças de Merkel... Seria caso para dizer que tudo fica na mesma, que a inclusão do SPD na grande coligação não faz diferença nenhuma, até porque, ao que consta, foi encostado à política interna, longe das questões europeias.
Mas não. Já se percebeu que muita coisa mudou, mesmo que por lá nada tenha mudado...
Quase mês e meio depois das eleições a Alemanha continua sem governo. Há semanas que a próxima é sempre a decisiva...
Ai se isto fosse em Itália... O que é que a imprensa internacional não diria?
Mas não é. É na Alemanha. E é Merkel... O respeitinho é uma coisa muito bonita...
Penso que já terão lido nas manchetes que o partido da Merkel está em vias de conseguir a maioria absoluta. Na verdade, a vantagem é pequena e, não conseguindo essa maioria, a CDU/CSU não poderá contar com o seu parceiro de coligação habitual, o Partido Liberal FDP, que não atingirá os 5% necessários para se fazer representar no Bundestag. Nesse caso, os socialistas do SPD teriam de incluir Die Linke, uma espécie de Bloco de Esquerda, na coligação governamental, já que os seus parceiros habituais, Die Grünen (Os Verdes), não passam de cerca de 8%.
Eu sei que em Portugal se desejava a derrota da Merkel. Mas porquê? Acaso julgam que, com Steinbrück como chanceler, os alemães, de repente, ficassem a gostar mais dos portugueses e lhes aliviassem o cinto? Pois sim...
O Nobel da Literatura alemão, de 85 anos, classificou Angela Merkel como um perigo para a relação da Alemanha com os outros países europeus (link em alemão). Grass proferiu estas palavras na passada quarta-feira, na sede do SPD, em Berlim, num encontro com Peer Steinbrück, o oposicionista de Merkel nas próximas eleições.
Será que haverá, afinal, esperança para a Europa, se Steinbrück se tornar chanceler? Nesse encontro, ele apelou para que os intelectuais alemães interviessem mais na política, sendo mais críticos em relação ao governo, na questão europeia.
Nesse evento, foi apresentado um livro, de mais de mil páginas, que reúne a correspondência que Günter Grass e o falecido Willy Brandt, o famoso chanceler socialista, trocaram durante décadas. (Título original: Willy Brandt und Günter Grass: Der Briefwechsel).
As sondagens alemãs continuam a dar vantagem à Merkel, em ano de eleições (link remete para um artigo em alemão). Pelos vistos, os socialistas alemães cometeram um erro, ao escolher Peer Steinbrück como candidato a chanceler (já me referi a várias das suas qualidades aqui). Resta perguntar porque o fizeram. Sim, que, em política, nada é inocente...
Mas não pensem que faria muita diferença, caso os socialistas conseguissem despachar a Merkel. Cá para mim, era mais do mesmo. Não era o Hollande a grande esperança dos franceses, aquele que iria endireitar o país, fazendo frente à Merkel?
Isto de jogar pelo Seguro...
François Hollande recusa ordens da Comissão Europeia... Só aceita ordens de Merkel.
Vive la France!
Pois… Agora é toda a gente contra a austeridade. Desconhece-se é o que é que isso vale…
O governo foi para além da troika. E da troika veio o troco: não tem nada a ver com esta desgraça, a responsabilidade é de quem governa e aplicou o programa. Durão Barroso, em vez de presidir à Comissão Europeia, portou-se sempre como mero porta-voz dos interesses alemães. Como o cachorrinho de Merkel…
Poderíamos dizer que “Roma não paga a traidores”. Ou que Berlim mata o mensageiro para acabar com a mensagem… Mas também que Durão Barroso merece esta capa!
O par do ano (se não são casados, disfarçam muito bem)
Tradução:
Ela: - Olha, Barolo, aqui tens a lista das compras. E, já agora, leva o lixo, ao saíres.
Ele: (em pensamento) - Será que ainda tenho aqui direito a dizer alguma coisa?
*Qualidade de vinho italiana, muito apreciada na Alemanha
O socialista Peer Steinbrück tornou a meter a pata na poça. Depois de ter dito que as eleições italianas tinham sido ganhas por dois palhaços (clowns, referindo-se a Berlusconi e Beppe Grillo), o Presidente da República italiano, Giorgio Napolitano, que se encontra de visita à Alemanha, cancelou um jantar que marcara com ele.
Digo-vos: se Steinbrück ganhar as eleições alemãs, tornando-se chanceler, ainda teremos saudades da Merkel…