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A sequela de "As pessoas sabem com o que é contam da nossa parte" surgiu praticamente de imediato, pela voz da ministra das finanças: "é honesto dizer aos portugueses que vai ser preciso fazer alguma coisa sobre as pensões para garantir a sustentabilidade da Segurança Social".
As preocupações de Maria Luís com a sustentabilidade da Segurança Social são legítimas. É coisa que a todos deve preocupar... Não é aí que está o problema. O problema é que estamos em plena campanha eleitoral, onde o governo é tudo menos anjinho. Onde o governo se sente como peixe na água... e onde não dá ponto sem nó.
O problema é que as preocupações de Maria Luís são outras. Não são tanto com a sustentabilidade da Segurança Social que, também ela, não se preocupa muito em descapitalizar. O convite que a ministra dirigiu ao PS não é, evidentemente, ingénuo. É para simplesmente desbaratar a já de si descredibilizada proposta do PS para reduzir a TSU a empregados e empregadores. É para capitalizar, mas em votos, a tão pouco sustentável proposta do PS. E é para acentuar um dos princípios básicos da frágil filosofia política deste governo: "uns contra os outros". E, com isso, acentuar que "as pessoas sabem com o que é contam da nossa parte"!
Não me passaria pela cabeça que Passos Coelho tivesse lido isto. Menos ainda que viesse dar-lhe resposta tão pronta... Logo aqui, em Leiria. E logo poucas horas depois ... Já nem sei se não terá vindo de propósito.
Exactamente: Passos explicou por que não está preocupado em apresentar programas... Nem medidas... Nem ideias... Não há pressa, tranquilizou os seus apoiantes de Leiria. E através deles todo o país...
"As pessoas sabem com o que é contam da nossa parte". Também me parece!
O PS vencerá as eleições com maioria relativa, podendo fazer um acordo parlamentar com o BE, incluindo alguns elementos do Bloco em posições menos relevantes do governo ou então optar por governar ‘rigorosamente’ ao centro, apresentando medidas sociais e ‘civilizacionais’ ‘à esquerda’ contando com o apoio de BE e PCP e quanto à politica económica geral, à defesa e às relações internacionais contar com o PSD e/ou PP.
MFL passará à História e Passos Coelho assumirá a presidência do PSD. Assistiremos também ao ‘fim’ dos governos de maioria absoluta, assumindo o Parlamento e o Presidente da republica uma importância maior no sistema politico português.
Cavaco tem assegurado o seu lugar na História como o 1º Presidente da 2ª Republica que não foi reeleito. Manuel Alegra tem capacidade de congregar PS,BE e PCP bem como muitos eleitores flutuantes, assegurando a sua eleição.
A realização das eleições autárquicas e legislativas para o mesmo dia, que estará a ser ponderada por Cavaco Silva, parece ser a melhor forma de resolver a questão.
Não coloco em cima da mesa os argumentos do PS, Bloco, PCP e CDS, que são contrários à realização dos dois actos junto, nem coloco os argumentos do PSD, que é favorável à simultaneidade das votações.
Se as eleições fossem separadas, tínhamos direito a uma pré-campanha, uma campanha e votação. Passados uns dias, infelizmente, a campanha regressava e no final mais um momento de votação.
Para além dos gastos, teríamos o problemas de os aturar mais tempo e em maior quantidade que agora.