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A greve dos pilotos da TAP lá vai fazendo o seu percurso, os seus estragos - mesmo que pouco passe de um flop - e a sua história, cheia de estórias. Uma delas foi-nos contada pela RTP, e passa-se à volta de uma dupla personagem: o piloto Lino da Silva, que é o consultor financeiro do Sindicato Paulo Rodrigues, a lembrar outras estórias, também de viagens e aviões, em que o árbitro Carlos Calheiros encarnava o passageiro José Amorim.
Lino da Silva é um piloto de longo curso que os colegas respeitam. Paulo Rodrigues é o Lino da Silva que deixa de ser piloto para passar a ser economista e consultor de quem os pilotos desconfiam, e a quem o sindicato paga os serviços a 280 euros por hora. Valor que a direcção do sindicato acha normal, e que só na preparação desta greve já rendeu a um e custou à outra 170 mil euros.
Paulo Rodrigues não é sindicalizado, mas os pilotos sentem-no dono do sindicato. A direcção garante que não, que ele só faz as contas que lhe manda fazer. Mas acha justo o preço de 280 euros por hora para simplesmente lhe fazeram as contas que lhe entende mandar fazer.
Diz ainda a direcção que a contratação dos serviços do consultor/piloto constava do programa eleitoral da candidatura. Acha que isso lhe legitima a decisão, sem perceber que mais aprofunda ainda a suspeita.
Às vezes, e quase sem darmos por isso, lá vão aparecendo umas pontas das cordas do enforcamento colectivo a que este país foi condenado
Para muitos, o direito à greve é comparável áqueles bibelots que temos, muito bonitos e tal, mas que colocamos nos topos daquelas prateleiras altas, num local quase inacessivél...
Dito isto, digo mais, para que serve se ter direito a fazer greve (obviamente como último recurso) se não se pode vivenciar a mesma?
É claro que uma greve transtorna, mas transtorna ainda mais aqueles que tiveram de recorrer à dita, pois ainda para exercer esse seu "direito" ainda tiveram de pagar... pagaram com um dia de salário que não vão receber!
Assim dá para perceber que uma greve não pode nem deve ser feita de ânimo leve...
Tenho enorme dificuldade em perceber por que é que as pessoas se não limitam a concordar ou a discordar da greve, a fazer ou não fazer greve, conforme a sua vontade e as suas possibilidades. Por que é que haverão de passar daí? E por que é que ainda acham que têm legitimidade para passar daí?
Se calhar é culpa de um mas que anda por aí: é que a greve é um direito. Inalienável, sagrado, inquestionável... Mas...É deste mas!
Não tem que haver mas. A não ser este: mas não tenho grande dificuldade em perceber que a democracia portuguesa se esteja a transformar numa miragem. Ou numa memória perdida. Que sociedade portuguesa esteja cada vez menos tolerante. Cada vez mais dividida... Cada vez mais próxima da rotura...
O facto da PSP estar a identificar todos os manifestantes que cortaram um acesso à Ponte 25 de Abril, umas duzentas pessoas, mostra que por um lado a greve geral impede que uns trabalhem, mas por outro lado dá trabalho a outros.
Numa altura em que o Primeiro-Ministro pede mais trabalho, os Sindicatos em greve geral pedem trabalho.
Depois de semanas de greve parece que os sindicatos de professores e ministério chegaram a um acordo. Depois disto tudo será necessário não perguntar quem ganhou, mas quem perdeu?
Ai está a afirmação que faltava para completar todo um conjunto de ideias com que Jardim nos tem brindado ao longo dos anos. Depois disto, acredito eu, será difícil suplantar Alberto João Jardim.
Numa greve, como a que tivemos hoje, faz parte do folclore os lados da barricada apresentarem números totalmente divergentes. Em conferencia de imprensa uns dizem ser esta a maior greve de sempre e para os outros um tremendo fiasco. Fosse como fosse, quem ardeu foram os alunos.
O mais incrível nesta historia da greve dos professores aos exames, a decorrer amanhã dia 17, é a falta de estratégia do atual executivo que legisla de olhos fechados sem perceber o que faz e principalmente quando faz.