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Um velório de dez dias

por Daniel João Santos, em 27.10.15

Esta foi a apresentação de um governo sem pompa e sem circunstancia. Dizem uns que é um governo equilibrado, cheio de independentes e de gente competente; dizem outros que se trata de um governo que é mais do memo. Não sei até que ponto será produtivo estar a gastar-se tanto tempo em análises a este ou àquele ministro, saber se é bom finalmente a cultura e o ambiente serem ministérios. 

Este é um governo para 10 dias. Este será um breve e penoso governo com morte anunciada. Este é o governo de Cavaco Silva. Este é o governo de Passos Coelho e de Paulo Portas. Este é o frágil governo que interessa a António Costa.

No fundo: esta é a situação que no irá lixar a todos.

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O que é isto? Chama-se Assembleia da Republica.

por Daniel João Santos, em 24.10.15

Subitamente este país descobriu que a nossa democracia se baseia na Assembleia da Republica e só governa quem tem o apoio dos deputados.

O nobre Presidente da Republica, Cavaco Silva, indigitou quem ganhou as eleições. No seu discurso à nação Cavaco Silva fez considerandos que fizeram envergonhar os pilares da Assembleia da Republica. Para o Presidente da republica existem partidos que não são capazes de estar no governo. A distancia entre a isenção proclamada por Cavaco Silva, juntamente com o seu "presidente de todos os portugueses" e a realidade, vai uma grande distancia. 

Por voto secreto e sem constrangimentos, Ferro Rodrigues foi eleito Presidente da Assembleia da Republica: democracia a funcionar, meus caros. 

O que faz quem não gosta de ver o Parlamento português democraticamente a funcionar?

Fácil: faz declarações ao país onde espuma pela boca enquanto faz considerações sobre partidos que tiveram mais de um milhão de votos. Vai para as redes sociais fazer julgamento de carácter ao novo Presidente da Assembleia da Republica.

Pois, descobriram que temos uma Assembleia da Republica onde assenta o nosso sistema democrático. Pois, habituem-se!

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Quem engana quem

por Eduardo Louro, em 24.08.15

 

 

Afinal a Comissão Europeia não tem nada a ver com o negócio da venda da TAP. Diz que que não se ocupa de peanuts, que o negócio não é suficientemente grande para lhe merecer atenção. Sardinhas sim, negócios de sardinhas já lhe interessam...

Poderíamos facilmente achar normal que lhes interessasse apenas os grandes negócios. Com um bocadinho de mais esforço poderíamos até achar normal que lhes interessasse sardinhas, e que não se preocupem nada com negócios de aviação. O que não é nada normal é que o Sr David Neeleman não soubesse nada disso, dando-se ao trabalho de engendrar um negócio com o Sr Humberto Pedrosa para enganar quem não precisava de ser enganado.

É já público, e por isso não estou a cometer nenhuma inconfidência - nem sequer a trair a confidencialidade com que, em tempo útil, fui informado da marosca - que os 49% das acções do Sr Neeleman no consórcio Atlantic Gateway, a quem o governo entregou a TAP, valem 95% do investimento e 74,5% dos interesses, seja em dividendos, seja na liquidação. E que o Sr Humberto Pedrosa até não se fez pagar mal para fazer o papel que fez: afinal consegue quintuplicar em interesses o valor do investimento. Com 5% de investimento - que, mesmo assim, foi pedir ao Estado - adquire uma posição que lhe garante 24,5% da empresa de que detém 51% das acções.

Poderia perceber-se que o Sr David Neeleman tanto quis enganar que acabou ele próprio enganado. Poderia, mas é apenas mais uma coisa que é capaz de não ser normal .

Com tanta coisa pouco normal neste "quem engana quem" acabamos por desfiar o novelo. E não é com grande o risco de nos enganarmos que chegamos à conclusão que um "quem" é o governo e o outro somos todos nós. Que o Sr David Neeleman não foi nada enganado, foi simplesmente aconselhado pelo governo a fazer assim. 

 

 

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Intoxicação do povo

por João António, em 20.05.15

Como não acredito em milagres, também me parece que o que se aproxima não me vai fazer mudar de ideias.

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Cheiro a podre

por Eduardo Louro, em 21.01.14

Vão-nos dizendo que os indicadores aí estão cheios de boas notícias. Que ainda não notamos nada, mas que é mesmo assim. Vai demorar algum tempo até que os indicadores se reflictam na realidade da vida de cada um, até que consigamos percepcionar, sentir mesmo, os resultados fantásticos que não têm qualquer dúvida em apontar...  

As taxas de juro caem todos os dias, já baixaram até dos 5%, a caminho dos mágicos 4,5% de Rui Machete. E a saída é à Irlandesa, já ninguém tem dúvidas…

No entanto olhamos à volta e sentimos o cheiro a fim de ciclo, aquela sensação de que a coisa está a cair de podre.

Ele é o Secretário de Estado Agostinho Branquinho, o tal que, deputado na anterior legislatura, numa comissão parlamentar de inquérito não sabia o que era a On Going, para onde seguiria, directamente da Assembleia da República, poucos dias depois. E donde rapidamente regressou, para integrar o actual governo. É a POP Saúde, a empresa do ex-presidente do INEM e da sua mulher, chefe de gabinete do Ministro da Administração Interna, constituída - com mil euros de capital - uma semana antes da assinatura do contrato. Nem o Marques Mendes escapa?

 

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Demissão... demissão...

por Eduardo Louro, em 04.12.13

 

 

A contestação social que tem atravessado o país e que, tudo o indica, se agravará rapidamente, tem-se centrado no objectivo da demissão do governo. É certo que não é apenas a rua a exigir a demissão já, essa é uma exigência praticamente transversal na sociedade portuguesa, desde as manifestações mais espontâneas às mais preparadas e organizadas. Das acções estritamente corporativas às politicamente mais abrangentes. Das galerias às bancadas da Assembleia da República, ou à Aula Magna…

É uma exigência compreensível e mesmo legítima. O governo violou e continua a violar todos os compromissos eleitorais que assumiu, violou e viola direitos, mesmo que constitucionalmente garantidos, despreza e ignora princípios democráticos básicos, mente e engana os portugueses como nenhum outro. Como se tudo isto não fosse suficiente falhou todos os objectivos que se propôs alcançar, e em nome dos quais exigira sacrifícios desmesurados aos portugueses. Contra tudo e contra todos defendeu o indefensável, foi para além da troika, destruiu a economia e o país... Disse uma coisa e o seu contrário, mandou os portugueses embora e cortou-lhes a esperança, de que é feito o futuro.

Tudo isto é verdade e tudo são razões mais que suficientes para que os portugueses se queiram ver livres deste que é seguramente o mais incapaz e incompetente governo que o país conheceu. Mas não vale de muito demitir o governo, seja lá de que forma for. Caído o governo, e sendo de todo improvável uma substancial alteração do comportamento do eleitorado, será o PS a ganhar as eleições e António José Seguro a formar governo - muito provavelmente com os mesmos que hoje governam. O que vai dar exactamente no mesmo: substituir Passos Coelho por Seguro é manter o mesmo perfil, a mesma impreparação, se não também a mesma política.

Seguro é o Passos Coelho do PS, eventualmente mais incapaz ainda. Tomou o aparelho do partido e escondeu-se, fingindo-se de morto, à espera que o poder lhe caísse no colo. Replica agora no país o que fez no partido, na garantia do mesmo resultado. Basta ver como anda desaparecido... Quando o país fervilha e as decisões apertam, Seguro está escondido algures, atrás de um arbusto qualquer, à espera que passe… António José Seguro já não é apenas o líder baço que não convence nem entusiasma ninguém. É uma figura ausente e vazia, simples refém de uma clique que já se atropela na fila para o pote.

Com esta liderança o PS não é alternativa. E se os socialistas não têm lucidez e sentido patriótico para perceber e resolver isto, não resta outra alternativa aos portugueses que, antes e em vez de exigir a demissão do governo, passarem a exigir na rua a demissão desta liderança socialista!

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O PS critica ...

por João António, em 21.11.13

Critica, critica mas não apresenta alternativas ... ou melhor : a farinha do mesmo saco, é exactamente igual !

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Estamos entendidos!

por Eduardo Louro, em 05.11.13

O governo que garantia que o seu programa era o do Memorando de Entendimento e que o seu objectivo era ir para além da troika, é o mesmo que agora diz, para contrariar a OIT – em Portugal não há oposição, são as organizações internacionais que têm de se manifestar sobre estas coisas - diz que o salário mínimo tem de ser – que não pode aumentar o salário mínimo nacional porque o Memorando da troika o impede.

Estamos entendidos!

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O Estado deste governo

por Eduardo Louro, em 29.10.13

Se não bastasse a sucessão de disparates, sem sequer intervalo, deste governo aí teríamos as jornadas parlamentares da maioria a provar que isto não tem mesmo cura. E se não bastassem as jornadas parlamentares, aí estaria o regresso em grande da ministra Assunção Cristas.

Como se nada mais preocupasse o país, como se de um país sem qualquer problema se tratasse, a ministra chega de licença de parto e entende que tem que se meter com os animais que as pessoas têm em casa

Este é, decididamente, um governo de loucos. Um governo que diz querer tirar o Estado de tudo, mas depois põe o Estado a meter o nariz em tudo. Na véspera - será que é desta? - da apresentação do guião da reforma do Estado - que o chefe da ministra está para apresentar desde Fevereiro - nada melhor...

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Choque de expectativas

por Eduardo Louro, em 08.10.13

Primeiro, no final da semana passada, foi ele próprio, Paulo Portas, a fazer o número. Que não há novas medidas de austeridade, as linhas vermelhas, o novo ciclo … E umas boas notícias, soltas, suficientemente vagas para não serem sequer reconhecidas e escaparem ao teste do algodão…Tudo para deixar bem escondidas as medidas que já estão no armazém, prontas a sair, ou outras ainda em laboratório de ensaio!

Depois, ao ritmo cadenciado de uma por dia, as medidas escondidas começam a ser postas na imprensa. Por cada uma, e em cada dia, lá vem ou dois ministros, um sempre mais vago e mais atabalhoado que o outro, mas todos sempre nos píncaros da demagogia, bem para lá da fronteira do reprovável, já em pleno reino do escandalosamente chocante.

Algumas serão barro atirado à parede, a ver se pega. Outras serão lançadas para preparar o ambiente, para desgastar… Para esbater os efeitos na opinião pública. Outras ainda para esgotar todas as reacções, combatidas desde o primeiro minuto pelos mais demagógicos argumentos e pelos mais escandalosos exemplos.

Vai ser assim até daqui a uma semana, quando o orçamento for finalmente apresentado no Parlamento. É isto o novo ciclo. É este o dedo de Paulo Portas!

Passos Coelho chama-lhe choque de expectativas. Sabe que precisa da sua máquina de propaganda em pleno, e lança-lhe por isso um desesperado apelo...

Hoje, em Portugal, governa-se assim! 

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