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Cavaco deixou finalmente a rã descansada e indigitou António Costa que, sem resposta do tempo ao tempo que o tempo tem, se entretivera a fazer um governo. É por isso que já há ministros, e que está agora praticamente garantido que, dois meses depois das eleições, o país terá um governo.

No tempo que Cavaco quis. Porque a data das eleições foi a que Cavaco quis que fosse. E porque, depois, mesmo com todos os cenários bem definidos na cabeça, e mesmo com um recatado 5 de Outubro para reflectir sobre o que tinha claro, em vez de agir o presidente preferiu fazer de conta que agia, consumindo 50 dias na árdua e espinhosa missão de encanar a perna à rã.

Coisa que, como se sabe, permitiu ao governo relâmpago de Passos e Portas acabar algumas coisas que tinha deixado começadas como, por exemplo, assinar o acordo de privatização da TAP. Para, como só alguns sabiam e é agora público, dar aos bancos a garantia do Estado pelo pagamento da dívida da companhia que vendeu. Por 10 milhões de euros!

Exactamente assim: foi preciso que o governo de Passos e Portas se aguentasse o tempo necessário para consumar a venda da TAP, por 10 milhões de euros, a um grupo fantoche (fantoche porque tudo é ao contrário do que parece, a começar numa minoria de capital que detém 95% do poder), assumindo a responsabilidade por 770 milhões de euros de dívida!

É também por isso que já ninguém estranha que, no dia em que é notícia a indigitação do novo primeiro-ministro, com o consequente adeus de Passos e Portas, seja também notícia que os novos donos da TAP vão vender os terrenos e a sede junto ao aeroporto…

Pois é... o tempo urge!  

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Encanar a perna à rã. Porquê? Para quê?

por Eduardo Louro, em 15.11.15

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Não foi preciso mais que uma semana para perceber por que, numa altura em que, mais do que nunca, o país precisa de rapidez na decisão e na acção, Cavaco decidiu dedicar-se à infrutífera tarefa de encanar a perna à rã.

Se dúvidas houvesse, o novo (velho) pregador das noites de domingo, encarregou-se de acabar com elas. Marques Mendes acabou de fechar a semana ao jeito dos desígnios de Cavaco, enquanto a rã teima em não põr a perna a jeito. Segue-se ainda mais uma semana, agora com mote dado pela batuta do pequeno maestro.

"O acordo é um queijo suíço", cheio de buracos por todos os lados. Não garante estabilidade nemhuma, e é mesmo uma "provocação ao Presidente da República". E continuam a chamar-lhe coligação, para embrulhar melhor a prenda

 Foi exactamente para isto, para que este tipo de discurso comecasse a ganhar forma, e a engrossar ao ritmo de uma bola de neve, que Cavaco decidiu gastar tempo a ouvir as confederações empresariais do comércio, da agricultura, da indústria, e do turismo, mas também as associações empresariais de tudo e mais umas botas, incluindo a das empresas familiares. E ainda aplicar mais uns dias numa visita às tagarras que há uns anos deixara para trás, e cujas pernas não têm nada a ver com as da rã.

Tem ainda mais uma semana. Esta que vai entrar, já com o discurso devidamente estabilizado e em velocidade cruzeiro para, a 25 de Novembro, como fez questão, anunciar ao país a sua decisão. Uma decisão que, como é já habitual, não terá muito - ou mesmo nada - a ver com o interesse nacional que tanto gosta de apregoar. Apenas com os seus, normalmente mesquinhos. Inviabilizar o governo de António Costa com apoio maioritário na Assembleia da República é o desígnio de Cavaco para este fim de mandato. Um desígnio que parte de uma missão impossível - encanar a perna à rã -, passa por outra de algum grau de dificuldade - não é fácil deixar de dar posse a esse governo - para se concretizar em toda a plenitude na missão de o matar à nasecença. Mais do que empossar ou não o governo de António Costa, o desígnio de Cavaco é minar-lhe o futuro. Para que seja curto e duro!

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"Prometedores dias"

por Eduardo Louro, em 06.11.15

 

O Bloco já anunciou que está fechado. Durante o dia de hoje, o mais tardar até amanhã, deverá - terá de - ficar também fechado o acordo com PC. Sem que ponham pés no governo, o que para uns, é bom; para outros, é mau.

É mau para quem tem dúvidas sobre a solidez dos acordos, para quem desconfia das boas intenções da esquerda a que as vozes do regime chamam de extrema: estar na margem não é a mesma coisa que estar no barco, como escreve hoje a Fernanda Câncio num texto tão imperdível quanto romântico. É bom, nem poderia ser de outra maneira, para quem acha que a esquerda tem peçonha.

Como Jorge Coelho, que acha que não pode haver misturas, e que isto só é bom se servir bóia para voltar a trazer o PS á tona, para depois voltar a apanhar a crista da onda. Há gente no PS que ainda não percebeu o que aconteceu!

Há gente que não consegue descortinar estes "tão prometedores dias" que vivemos... Não são amanhãs que cantam, são apenas dias de esperança. De esperança que isto não seja apenas o que tem que ser, por já não poder ser outra coisa. Por simplesmente tudo ter chegado ao ponto de não retorno. Por ninguém poder já recuar...

Que seja finalmente mudança, porque é preciso que alguma coisa mude... Para que nem tudo fique na mesma!

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O golpe de estado que correu mundo

por Eduardo Louro, em 26.10.15

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O "golpe de estado" que ontem (o)correu no país do Twitter, a lembrar a mítica transmissão radiofónica de Orson Wells da "Guerra dos Mundos", é bem capaz de, pelo excesso próprio deste tempo mediático e das redes sociais, ter acabado no efeito contrário, eventualmente diamentralmente oposto, ao pretendido.

É que provavelmente cirunscreve o "golpe de estado" de Cavaco a um simples fait divers e remete-o para o caixote dos likes e dos lol.

Provavelmente fica muito do espectáculo e muito pouco do que lhe deu origem. Da substância. Do que no Daily Telegraph se ecreveu: “pela primeira vez, desde a criação da união monetária europeia, um Estado-membro tomou a iniciativa explícita de proibir os partidos eurocépticos”. Que um italiano qualquer aproveitou para linkar, ironizando que a União Europeia declarara a suspensão da democracia em Portugal, obrigando os portugueses a continuar a votar até que o resultado fosse o pretendido.

É que é de um golpe de estado que se trata - sem aspas -, como escreve Ferreira Fernandes na sua crónica de hoje.

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Encurralado

por Eduardo Louro, em 22.10.15

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Cavaco podia, eventualmente até devia, tomar a decisão que tomou. Cavaco não podia, e muito menos devia, utilizar a linguagem que usou. Não podia usar a linguagem trauliteira que utilizou, não podia agitar o fantasma dos mercados, e muito menos convocá-los, chamá-los a participar na guerra que desencadeou. E não podia, de todo, apelar à sublevação dos deputados do PS.

É Cavaco a fechar o seu mandato como merece. Não merece mais que isto, encurralado no beco em que se enfiou!

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Fidelidades

por Eduardo Louro, em 19.10.15

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A estrondosa acusação de Manuela Ferreira Leite -  "o que António Costa estar a fazer é um verdadeiro golpe de estado" - produzida no seu espaço de comentário na TVI, não encaixa com nada do que há três ou quatro anos lá anda a dizer. Mas encaixa no seu próprio voto - ela sim, poderá agora dizer que não teria votado no PS, nem que seja a pensar que fica perdoada - e encaixa na perfeição na sua escala de valores, com a fidelidade bem destacado no topo, muito acima de todos os outros.

Não é o mais nobre dos valores... De tal forma que, para adquirir alguma nobreza, tem de chamar-se lealdade. Que já é outra coisa...

 

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É espantoso como a coligação de Passos e Portas, cujo único programa era o de ataque ao programa do adversário, de repente fica disponível para governar com esse programa.

Porque não apresentaram programa nenhum, até se poderia ser levado a pensar que estariam legitimados para governar com qualquer um. O problema é que o único elo que a coligação criou com os seus eleitores foi o da rejeição desse programa. 

Sem mais nada para dizer, a coligação limitou-se a repetir-nos que aquelas medidas eram o regresso ao passado, o despesismo, a bancarrota... Adeus aos compromissos europeus, adeus mercados... O apocalipse. Todos os sacrifícios que fizemos teriam sido em vão.

Mas afinal não era nada disso. Era tudo a brincar, agora não faz mal nenhum e Passos e Portas dizem - repito, dizem - que todas essas medidas são muito bem vindas ao programa do governo que por nada querem largar.

Não vou dizer que nunca ninguém em Portugal chegou tão longe em matéria de traição ao voto. Até porque nem me parece que isso seja coisa que preocupe muita gente, que já provou que convive bem com isso. Mas tenho que dizer Passos e Portas perderam toda a legitimidade política que ainda pudessem ter!

E pode ser que assim a sua máquina de propaganda comece a abrandar...

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O Senhor Barroso...

por Eduardo Louro, em 13.10.15

 

O Senhor Barroso conhece um a um os portugueses que votarm no PS. E por isso está em condições de garantir o fim último de cada voto... Não sabe apenas isso, sabe ainda que toda a gente sabe a razão de ser de cada voto no PS.

O Senhor Barroso sabe o que é um acordo parlamentar e o que é uma coligação de governo. Mas faz que não sabe... 

O Senhor Barroso deveria estar envergonhado com a dramática condição de milhões de refugiados, por que é também responsável. E muito. Mas o Senhor Barroso não tem vergonha... E por isso ameaça com a Europa, onde felizmente já não está, mesmo que ainda não tenha percebido.

Apetece-me chamar um nome feio ao Senhor Barroso. Mas não encontra nenhum á altura...

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