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Bem me parecia que nesta coisa dos ziguezagues Tsipras não andava sozinho. Se são precisos dois para dançar o tango, quantos são precisos para dançar zorba?
Os dias passam e a situação grega mantém-se. Perde-se tempo apenas para ganhar tempo. O tempo necessário ás causas que estão em causa: as eleições em Portugal e Espanha, e também as outras que pela Europa fora se seguem… E a renovação do mandato da senhora Lagarde!
É isto e só isto que está em causa, o resto é folclore. Para safarem os seus tachos, bem colados uns aos outros pelo sacro pensamento único, esta gente miserável e ignorante que hoje manda na Europa, e em boa parte do mundo, está-se nas tintas para qualquer tipo futuro que não seja o dos seus umbigos.
Saiu-lhes muita coisa furada, e por isso hoje já só perdem tempo para ganhar tempo. Sempre pensaram que a esta hora já o governo grego teria capitulado em toda a linha, já estava a caminho da rua, e de regresso estariam os seus velhos aliados e amigos da Nova Democracia e do Pasok, justamente quem trouxe a Grécia até aqui. Não aconteceu assim, e o tempo que andaram a perder, para ganhar, não é afinal se não tempo: iniludível e irreversível, como mais nada na vida.
Por isso 30 de Junho é, e nunca deixará de ser, 30 de Junho. Mas incumprimento já não é default. Porque há que continuar a perder tempo a ganhar tempo. Há quem lhe chame fritar em lume brando...
Exigem-lhes mais, sempre mais, porque o sacrifício liberta, e a punição purifica... Exigiram-lhes que cortassem 400 milhões de euros nas pensões mais baixas, onde já cortaram 48%. O governo grego, aquele bando de malfeitores irresponsáveis, propôs-lhes mais uma brincadeira de crianças : trocar esse corte nas pensões por corte de igual valor no orçamento da defesa. A instituição europeia até achou que poderia ser... A instituição americana é que ... nem pensar: "temos armas para vender"!
De repente a instituição europeia lembrou-se que afinal a Alemanha também. Pronto, não se fala mais nisso!
Afinal, em apoio a uma grande parte do governo português, o FMI confirma: um dos principais riscos ao OE é o Tribunal Constitucional. E eu a julgar que era o desperdício, a má gestão e o não saber como funciona a economia. Vamos indo e aprendendo.
Já estávamos habituados. Num relatório o FMI condenava a austeridade que prescrevera para Portugal, como se não tivesse nada a ver com aquilo. Noutro criticava a Alemanha, e chegava até a acusá-la de fazer excedentes à custa da austeridade que impõe aos outros.
No entanto, como parte da troika, nunca teve dúvidas. Nunca houve a mínima rotura, nenhuma quebra de coesão dentro da troika no que á imposição da austeridade respeitava. A imagem de alguma complacência e abertura do FMI, tantas vezes apregoada por muitos observadores, nunca resultou de outra coisa que não dos tais relatórios inconsequentes e contrastantes.
Poderia não se entender - e não se entendia mesmo - esta dualidade, mas era possível especular que uma coisa seria uma convicção serôdia e, outra, uma posição repartida num caminho que estava em curso, que não poderia ser unilateralmente alterada. O que não se entende é que, agora que do pós-troika apenas sabemos o que Pires de Lima e Rui Machete deixam cair, sem que da troika se saiba o que quer que seja, aí esteja mais um relatório do FMI, precisamente a continuar a carregar na austeridade atéao fim das nossas vidas!
O problema já não é um FMI bipolar. O problema é que eles continuam por aí. Continuam a mandar, seja lá como for: chamem-lhe segundo resgate, programa cautelar ou o que quiserem. Não há 1640 nenhum, pois não Paulo Portas?
Acabo de tomar conhecimento da reacção do ministro dos negócios estrangeiros ao relatório do FMI que recomendava calma na austeridade, aqui referido, e fiquei maravilhado. Eu, convencido que eles estavam a gozar connosco…
Afinal, pensei eu, Rui Machete estava a vingar-nos e a gozar com eles, sem dó nem piedade.
Inquietei-me logo a seguir: não estaria, também ele, a gozar connosco?
E tranquilizei-me, imediatamente depois: nada disso, coitado. É da idade!
* Da série Gente Extraordinária, no Quinta Emenda
Não há dúvida. Esta gente gosta mesmo de brincar connosco!
De vez em quando saem-se com umas destas, mas tudo fica sempre na mesma. Porque tudo está a correr pelo melhor, como diz Herr Schauble, que fala disto como de experiências com ratos.
Primeiro veio o dinamarquês Poul Thomsen, louro e de olhos azuis. Seguiu-se o escurinho Selassie, que também já vai. Para chegar o indiano, também escurinho, Subir Lall.
Quererá isto dizer que o FMI não se entende por cá?
Ou que isto por aqui é tão bom que toda a gente cá quer vir dar uma voltinha? Que lá por Washington fazem fila por um lugarzinho aqui na praia?
Acho que é isso. E que é por isso que o FMI, por mais que ameace e por mais que lhe gritem fora daqui, não arreda pé. Agarrado a isto que nem uma lapa. E há muito…Há tanto tempo que já cá tem lugar cativo. Já não sabem viver sem nós. Nem nós sem eles!
Ainda não aprenderam que o caminho definitivamente não é este?
Passos Coelho critica a Troika. Cavaco Silva critica o FMI.
A época assim o exige. No Santo António convém muito fogo de artificio para entreter o povo.