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Deixa cá ver o calendário do ano de 1966

por Daniel João Santos, em 09.01.14

Esta historia de saber se José Sócrates ia ou não para a escola durante o famoso jogo de Portugal contra Coreia, a um sábado e em Julho, deixa-me preocupado. Sim,  venham as opiniões de onde vierem -, o que me deixa preocupado é a paciência e o grau de importância que dão a Sócrates, que os leva a irem pesquisar em que dia da semana calhou o 23 de Julho de 1966.

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Sócrates, Eusébio e o F.C.Porto

por Cristina Torrão, em 09.01.14

E vocês perguntam-me: o que está ali em cima a fazer o F.C. Porto? Então o Eusébio não jogava no Benfica? E o José Sócrates não contou a história dos golos do Eusébio num jogo da seleção contra a Coreia do Norte? E tu, Cristina, não és sportinguista? É verdade. Mas a história do José Sócrates do dia 23 de julho de 1966 tem tantos pontos de contacto com a minha do dia 27 de maio de 1987, que não resisto a compará-las.

 

Ora vejam:

- Sócrates ia para a escola primária – não admira, tinha nove anos de idade.

- Eu vinha da faculdade – enfim, tinha vinte e um anos.

- Sócrates ouviu o relato do jogo, na Covilhã.

- Eu fui vendo imagens do jogo, pois havia televisores ligados em todas as montras de estabelecimentos de eletrodomésticos, à volta dos quais se juntavam pequenas multidões. Ah, já me esquecia, estamos na cidade do Porto.

- Em 1966, Portugal deu a volta a um resultado desfavorável de 3:0.

- Em 1987, o F. C. Porto deu a volta a um desfavorável 1:0 contra o Bayern de Munique.

 

Resta dizer que, no regresso a casa, depois daquele dia de aulas, apercebi-me de que o F. C. Porto perdia por 1:0. Quando cheguei a casa, o jogo estava a acabar. Depois de despir o casaco, sentei-me na sala, em frente à televisão ligada e… o F.C. Porto marcou dois golos de rajada! Seguiram-se telefonemas, amigos a dizer-me que, naquela noite, ninguém dormia, que toda a gente ia festejar. E eu, apesar de ser sportinguista dos quatro costados, fui mesmo festejar aquela vitória portuguesa na final da Taça dos Campeões. Querem melhor fair-play?

 

Dizem que a história do Sócrates é mentira, porque se passou num sábado à tarde. Mas um ex-colega já veio dizer que ele falou a verdade e só a verdade.

 

Eu não tenho ninguém que venha em meu favor. Mas garanto-vos que a minha história é verdadeira, embora já não me lembre em que dia da semana foi. Jogos desses, porém, costumavam ser à quarta-feira. E é bom que este tenha sido, pois, na faculdade, nunca tive aulas ao sábado.

 

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Um vintém é um vintém...

por Eduardo Louro, em 07.01.14

Ontem escrevi aqui sobre aquilo a que chamei efeitos colaterais da morte de Eusébio, a propósito das desastradas declarações de Mário Soares. Que parecem ter dado o mote para a sucessão de disparates – que só não são tiros no pé porque nesta nossa miserável classe política já ninguém tem pé - que se viram e ouviram durante o dia de ontem.

A começar de novo por Mário Soares, que logo no dia seguinte – depois de casa roubada trancas na porta – se apressou a emendar o soneto na sua coluna no DN, dedicando em exclusivo a sua crónica a Eusébio, que rapidamente passou “a um patriota excepcional que fez tanto por Portugal e por Moçambique”.

À questão do Panteão Nacional ninguém resistiu. Logo que surgiu a ideia de que o destino dos restos mortais de Eusébio não podia ser outro que não aquele, foi um ver se te avias… Todos os líderes partidários desataram a correr para ver quem era primeiro a agarrar a ideia e a levá-la à Assembleia da República. Devem ter chegado todos ao mesmo tempo…

Assunção Esteves, a Presidente da Assembleia da República, achou que era ali, na hora, em pleno velório, que deveria pronunciar-se sobre o tema que tanto entusiasmara os seus deputados, pondo alguma água na fervura. Só que, não se sabe se simplesmente em maré de azar, ou se por manifestas dificuldades próprias da sua já longa condição de reformada, não teve mão na água e aquilo saiu pior que as ondas gigantes que então assolavam a costa portuguesa. Foi o despropósito total, não podia ter sido pior. Falou do que não devia e do que não sabia, e as centenas de milhares de euros, não eram afinal mais que escassas cinco dezenas, como o seu próprio gabinete teve de vir esclarecer. As parcerias que preconizou, e o apelo ao mecenato, só econtram paralelo no seu discurso do inconseguimento!

Nem Sócrates fugiu a mais um tesourinho deprimentecontando que o seu momento Eusébio acontecera a caminho da escola (onde fizeram uma festa), enquanto decorria o mítico Portugal - Coreia do Norte, no Mundial de 66, em Inglaterra. Que aconteceu às 15 horas de sábado, 23 de Julho de 1966, em plenas férias grandes escolares…

Adapatando de Manuel Machado: Um vintém é um vintém e um mentiroso é um mentiroso. Os cretinos é que são muitos!

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Faltou a alcatifa e a tribuna

por Daniel João Santos, em 06.01.14

Infelizmente sou levado a criticar a Antena 1. Ouvir, pelas 18.30, as intervenções de um repórter da estação de rádio publico em direto do cemitério do Lumiar, durante o funeral de Eusébio, foi simplesmente surreal. Em vez de explicar ou narrar o que estava a acontecer, durante a cerimonia, o repórter entreteve-se a descrever a falta de organização do funeral. Pergunta: onde estava essa falta de organização?

Segundo o individuo, repórter Antena 1, o terreno estava cheio de lama e ele demasiado apertado. Pelo que se entende, para o repórter - que não era repórter de campo, mas em principio repórter de alcatifa -, quem organiza deveria ter limpo a lama, cimentado o terreno e construído uma tribuna para a imprensa, digo eu. Não satisfeito, a personagem, queixava-se em direto e só mais tarde reparou que se estava a realizar um minuto de silencio. Fico com a duvida se aquela reportagem era a sério ou de algum estagiário, não remunerado, habituado só a tirar cafés nos estúdios.

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Um efeito colateral, também lendo os outros...

por Eduardo Louro, em 06.01.14

 

 

 

Mário Soares tem sido acusado por alguma imprensa de incontensão verbal, expressão do domínio do politicamente correcto. Fora desse domínio a expressão foi substituída por senilidade, arrogância, sectarismo, e até loucura.

A direita tem sido evidentemente mais cáustica, não lhe perdoando uma, e atirando-lhe directamente ao carácter. Percebeu-se que a esquerda se dividia entre os que reconheciam que o homem tinha ficado xé-xé, a não dizer coisa com coisa, e os que, esquecendo-lhe o passado, lhe aplaudiam o regresso à esquerda, imaginando-o a tirar da gaveta umas coisas que há muitos anos lá tinha metido.    

O que para a direita era uma questão de carácter e de princípios, era para a esquerda perdoável. Perdoável pela idade ou perdoável pelo pragmatismo dos fins justificarem os meios!

Um dos efeitos colaterais da morte de Eusébio, o mais colateral de todos, não tenho dúvidas, foi acabar com esta divisão entre os portugueses. Com as suas absurdas declarações a propósito da morte de Eusébio, Mário Soares acabou com esta divisão e uniu os portugueses. Infelizmente – especialmente para ele - à volta da ideia que dele fazia a direita!

“Num mar de declarações sentidas pela perda de um dos mais marcantes e famosos portugueses do séc. XX, sobressaiu o desastre proferido por Mário Soares, que destacou Eusébio como um "homem de pouca cultura", "que só percebia de futebol" e sobre o qual "não sabia estar doente", embora "soubesse que ele bebia whiskey todos os dias, de manhã e à tarde".

"Traduzindo, para Mário Soares, Eusébio era um bruto ignorante que sabia jogar bem à bola. Era um simples e modesto como compete aos inferiores de classe, e até comia (não almoçava, nem jantava, dadas as maneiras típicas daquela classe) nuns lugares onde ele Mário Soares almoçava e jantava. Agora não passava de um bêbado. E Mário Soares achava que gente daquela estirpe tinha um resistência fisica de um toiro e como tal, whisky de manhã à noite todos os dias não haveria de lhe fazer assim mal"

E torna tudo pior que Soares insulte no meio de outras palavras menos ofensivas e supostamente simpáticas, insultando em tom de quem elogia

Hoje, mesmo que haja quem simplesmente ache, embora defenda mal - muito mal - que “Mário Soares disse o óbvio”, poucos serão os portugueses que lhe desculpam o insulto com a senilidade. Hoje, grande parte dos portugueses acha que o que disse simplesmente “mostra bem o que é o homem”. “Alguém que não consegue conceber…que exista alguém maior que ele”. De “uma snobeira execrável”!

 

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Reações alemãs à morte de Eusébio

por Cristina Torrão, em 05.01.14

Como sportinguista, é com muita honra que me junto na homenagem a um dos melhores jogadores de futebol do mundo. A notícia do falecimento de Eusébio teve destaque na imprensa alemã. Além de se referirem os momentos mais altos da sua carreira e as reações de Cristiano Ronaldo e Luís Figo, reportam-se as palavras dos grandes do futebol alemão.

 

Franz Beckenbauer escreveu no Twitter: «Faleceu um dos maiores futebolistas de todos os tempos. O meu amigo Eusébio morreu na noite passada. Os meus pensamentos estão com a sua família».

 

Wolfgang Niersbach, Presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB) descreveu Eusébio como uma personalidade que o impressionou não só como desportista, mas com a sua história de vida. E acrescenta: «Estamos de luto, junto com os nossos amigos da Federação Portuguesa, por uma lenda do futebol».

 

Uwe Seeler, uma lenda do futebol alemão, menos conhecida em Portugal, mas que chegou a jogar ao lado de Eusébio numa seleção europeia, disse: «Lamento muito. Eu sei que ele tinha problemas de saúde, mas era ainda relativamente novo (…) Era um jogador extraordinário, mas também, a nível particular, muito simpático e solidário. Era para mim sempre um grande prazer estar a seu lado».

 

Nota: estas declarações podem ser lidas no original aqui.

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Eusébio

por Daniel João Santos, em 05.01.14

 

1942 - 2014

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O melhor

por Eduardo Louro, em 01.10.13

A recente vitória de Rui Costa no campeonato do mundo de ciclismo de estrada de que aqui se deu na altura conta – a propósito, aqui fica a pitoresca narração em directo na televisão espanhola  – prestou-se a que se instalasse de imediato uma nova discussão, a que uma certa parte do país dá muita importância: seria ou não já Rui Costa o melhor ciclista português de todos os tempos?

Bem nos lembramos que, ainda há poucas semanas, bastou que Cristiano Ronaldo marcasse três golos em Belfast, e atingir e bater uma velha marca de Eusébio - lograda em bem menor número de jogos, mas não é isso que interessa – para ser aberta idêntica discussão à volta dos dois futebolistas, que foi até levada muito a sério por muita gente. Desde logo pelos adeptos, e em particular pelos chamados notáveis, de Benfica e Sporting, mas também por Luís Figo, certamente sentido – e avisado da velha máxima portuguesa de que “quem não se sente não é filho de boa gente” – por o terem deixado de fora, que decidiu a contenda sentenciando que king só há um: Eusébio e mais nenhum!

Eusébio do ciclismo é, como se sabe, Joaquim Agostinho. O benchmarking de Rui Costa faz-se pois com Joaquim Agostinho que, sendo uma figura tão nacional como Eusébio é, para os adeptos leoninos, o Eusébio do Sporting, o que não deixará de ser irónico à luz da discussão com Cristiano Ronaldo.

São discussões que não fazem sentido, porque não faz sentido comparar o que não tem comparação tal a distância, no tempo e em todas as envolvências que determina, que separa cada realidade.

É uma discussão que - mesmo quando bem conduzida, como os interessados aqui poderão ver - não deixa de ser estúpida. Mas que é muito frequente entre os portugueses, que precisam sempre de encontrar o melhor, o maior… Perdem-se nesses exercícios, sempre condenados à parvoíce, ao disparate, ao non-sense

Quem não se lembra no que deu aquela do maior português?

Não nos preocupamos muito em honrar os verdadeiramente grandes. Nem em admirar sem condições os que dentre nós mais se distinguem. Parece que somos de coração pequeno, com apenas um lugar. Ali não cabe mais que um…

Isto poderá ter alguma coisa a ver com a nossa ancestral inveja, que nos condiciona no reconhecimento valor e mérito aos outros de nós. Se temos tanta dificuldade nisso poupamo-nos e reconhecemos apenas um – o maior!

Mas poderá também ter a ver com o individualismo e o espírito competitivo que se acentuou na sociedade portuguesa, particularmente nos últimos vinte anos. Tem sempre de se encontrar o melhor!

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PÍCARO RESUMO NACIONAL

por joshua, em 26.01.11

Ontem foi dia de Eusébio, e muito bem!, mas foi dia também de uma dose apreciável de Carlos Silvino, para grande pasmo nacional quanto ao conteúdo das suas supostas revelações contraditórias, nada mais que um guião de desdizer caído do céu. Tudo isto resume-nos. Bastam-nos um ou dois absurdos, uma ou duas hipérboles, uma ou duas palhaçadas espalhafatosas, para ficarmos resumidos e bem resumidos ao mesmo tempo que tramados e gratos. Desde sempre vai por aqui um povo pícaro, repleto de actores pícaros, sem norte nem cerne rijo. Tenhamos calma, que ainda não terminámos de beber o cálice completo da nossa queda. À parte um possível terramoto iminente, não faltarão episódios semelhantes da nossa decadência.

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