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Tenham vergonha

por Daniel João Santos, em 13.07.15

Pedro Passos Coelho confessou, bastante pressionado, que a ideia que desbloqueou o acordo Europa/Grécia foi dele. Os socialistas avançaram que a tudo foi resolvido graças à intervenção dos socialistas europeus. Eu tinha vergonha de dizer que tinha sido eu a desbloquear a humilhação da Grécia.

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O relativismo do tempo

por Eduardo Louro, em 26.06.15

 

Os dias passam e a situação grega mantém-se. Perde-se tempo apenas para ganhar tempo. O tempo necessário ás causas que estão em causa: as eleições em Portugal e Espanha, e também as outras que pela Europa fora se seguem… E a renovação do mandato da senhora Lagarde!

É isto e só isto que está em causa, o resto é folclore. Para safarem os seus tachos, bem colados uns aos outros pelo sacro pensamento único, esta gente miserável e ignorante que hoje manda na Europa, e em boa parte do mundo, está-se nas tintas para qualquer tipo futuro que não seja o dos seus umbigos.

Saiu-lhes muita coisa furada, e por isso hoje já só perdem tempo para ganhar tempo. Sempre pensaram que a esta hora já o governo grego teria capitulado em toda a linha, já estava a caminho da rua, e de regresso estariam os seus velhos aliados e amigos da Nova Democracia e do Pasok, justamente quem trouxe a Grécia até aqui.  Não aconteceu assim, e o tempo que andaram a perder, para ganhar, não é afinal se não tempo: iniludível e irreversível, como mais nada na vida.

Por isso 30 de Junho é, e nunca deixará de ser, 30 de Junho. Mas incumprimento já não é default. Porque há que continuar a perder tempo a ganhar tempo. Há quem lhe chame fritar em lume brando... 

 

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Acabou o Verão. Voltemos à realidade!

por Eduardo Louro, em 13.09.13

Admito que já nem todos se lembrem, mas o grande objectivo do governo e a bandeira de Vítor Gaspar, o regresso aos mercados, estava marcado para 23 de Setembro. Bem sei que não é na próxima segunda feira, é na outra!

Falta uma semana, e em vez de vermos os mercados a fervilhar de expectativa à nossa espera, ansiosos por nos receberem de braços abertos, vemo-los de costas viradas, lá muito longe, afastados como há muito não víamos. É exactamente isso que quer dizer a taxa de juro já bem acima dos 7% nos mercados secundários, ao nível do pior de 2011, quando o resgate era inevitável!

Quer isto dizer que, ao contrário do que vinha sendo apregoado pela máquina de propaganda ao serviço do governo, o país não recuperou confiança nenhuma. Os credores não acreditam que Portugal possa alguma vez pagar o que deve, e não há regresso nenhum aos mercados. Nem na data marcada por Passos e Gaspar nem em qualquer outra!

Porque, como sempre se disse, o programa da troika não batia certo e, no que batia, não foi executado. Veja-se a paradigmática reforma do Estado: absolutamente indispensável (reforma administrativa, reforma da justiça, desburocratização, eliminação de serviços duplicados e triplicados, reforma da administração local, reforma do sistema eleitoral, etc.) foi transformada numa mal amanhada junção de umas freguesias e no corte cego funcionários públicos.

E, por isso, como Vítor Gaspar enunciou sem rodeios na sua carta de demissão que quis tornar pública, tudo falhou.

Os objectivos de controlo do défice falharam sucessivamente, como irão continuar a falhar. Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque andaram toda a semana, em Bruxelas e em Washington, a tentar convencer a troika a mais uma flexibilização (de 4 para 4,5%). Sem êxito, ao que parece, mas também sem convicção, com a ministra das finanças já hoje a garantir que a meta estabelecida é para cumprir, que não há pedido nenhum de flexibilização, em conformidade com o seu chefe natural e em confrontação aberta com o chefe que lhe foi imposto. Bonito!

A dívida, que a máquina de propaganda do governo diz ser para pagar e estar a ser paga, não parou de subir e já passa dos 130% do PIB. Impagável, como toda a gente sabe. Se antes se falava da renegociação da dívida como condição sine qua non para o sucesso da recuperação económica e financeira do país, hoje já não há economista sério que não tenha que dizer que sem perdão de dívida, sem hair cut, não há recuperação possível.

É por isto que ninguém já acredita no chamado programa de ajustamento.  Mas, para Maria Luís Albuquerque, não é por nada disto. 

É pelo Tribunal Constitucional. Exactamente em conformidade com o seu chefe natural e, mais uma vez, em confrontação com o chefe imposto!

Dramático. Por cá ninguém põe ordem nisto: não há oposição, Seguro é cada vez mais uma anedota e Cavaco auto mutilou-se. E a União Europeia continua congelada pelo frio do norte, imobilizada, como se nada percebesse do que se está a passar, como se voltou a ver hoje na reunião do eurogrupo. Ou irresponsavelmente na lua, na pessoa do seu suposto responsável máximo...

 

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