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Diz-se que todos temos uma criança dentro de nós. Uns mais vezes que outros, não conseguimos deixar de soltar a criança que os anos nunca nos fizeram largar. Os psicólogos explicarão isto muito bem; eu, certamente que não. Limito-me por isso a dizer que isso é normal e até saudável, e que não é isso que faz de nós mais ou menos adultos, mais ou menos responsáveis.
O que nos distingue uns dos outros é a oportunidade em que deixamos que isso aconteça. É o momento que cada um escolhe para soltar a criança que tem lá dentro, e a frequência com que o faz, que revela a maturidade e o sentido de responsabilidade de cada um e que, em última análise, projecta a sua respeitabilidade e a sua credibilidade.
Sabemos que há adultos que nunca cresceram – e não me refiro, evidentemente, aos casos de patologia física ou psíquica - que são eternamente crianças. Não dão descanso à criança que têm lá dentro, de tal maneira que nunca recolhe, está sempre cá fora.
Não dão tréguas à traquinice, e passam todo o tempo em brincadeiras e jogos e joguetes tão mais sofisticados quanto mais desenvolvida seja a mente adulta prisioneira e refém da criança que deixam permanentemente à solta.
Quando pensamos nisto lembramo-nos imediatamente de dois nomes. Aí estão eles já na sua cabeça, amigo(a) leitor(a). Exactamente: Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portas!
São pessoas divertidas, às vezes mesmo entusiasmantes, que quase conseguem que os levemos a sério. No entanto, pensando bem, ninguém lhe compraria um carro usado…
Marcelo Rebelo de Sousa, que nunca chegou ao poder – tentou a Câmara Municipal de Lisboa, mas na altura Jorge Sampaio não lho permitiu e, depois, quando Cristo veio à terra para lhe entregar a liderança do seu partido, com o pote ali tão à mão, foi curiosamente uma traquinice do menino Portas que lhe tirou o pão da boca para o colocar na de Durão Barroso – já só pensa nas presidenciais que já se começam a avistar. Ainda não deverá ser desta, mas a televisão faz presidentes…
Paulo Portas, mesmo sem nunca atingir grande expressão eleitoral – quer dizer, mesmo sem nunca ter conseguido vender o carro – já por duas vezes, mercê da nossa geografia eleitoral, chegou ao poder. Chegou ao quarto dos brinquedos de sonho e conseguiu mesmo, desta vez, depois de uma mistura de brincadeiras e joguetes com algumas birras pelo meio, apoderar-se sozinho de tudo o que era brinquedo.
E é vê-lo brincar. Brincar perdidamente… Dá gosto, só de ver. Brincou como se não houvesse amanhã com todos nós com o tal Guião da Reforma do Estado. Quando pensávamos que estaria exausto, cansado de tanta brincadeira, ei-lo de partida para a China para dar pessoalmente aos donos da EDP os esclarecimentos que eles tinham pedido por carta, explicando-lhes que aquilo do novo imposto sobre a energia (que os Catrogas e os Mexias nos farão a nós pagar) não é nada, comparado com o que ganharão com a redução do IRC. Para disfarçar a brincadeira, para que se não pensasse que só tinha ido dar explicações aos homens da Three Gorges, agendou mais umas brincadeiras para Macau. A uma delas chegou com duas horas de atraso, coisa que, pese a sua mítica paciência, os chineses tomam por ofensa e falta de consideração. Foram embora antes que Portas chegasse e, como se nada fosse, sem desculpas a pedir a ninguém, começasse a ler para uma plateia de portugueses um discurso destinado a empresários chineses. Que já lá não estavam, sem paciência para o aturar!
As coisas na Rua Sésamo estão a perder a graça. Então não é que o "nosso" monstro das bolachas se transformou em monstro das frutas e legumes?
Esta notícia deixou-me cheia de vontade de comer um pacote inteiro de bolachas...
É muito fácil fazer este trocadilho. Já não é tão fácil compreender esta situação. Claro que haverá explicações. Mas como crescerá esta criança sabendo que foi protagonista de uma história tão trágica?
Top 10 das coisas que os miúdos de 5 a 13 anos não conseguem fazer hoje em dia:
1 - Reconhecer três tipos de borboletas (91%)
2 - Reparar um furo (87%)
3 - Fazer um nó (83%)
4 - Ler um mapa (81%)
5 - Montar uma tenda (78.5%)
6 - Fazer um fogo (78%)
7 - Reconhecer um melro, um pardal ou um pisco-de-peito-ruivo (71%)
8 - Fazer papel-machê (72%)
9 - Fazer uma chávena de chá (65%)
10 - Fazer uma toca (63%)
Em contrapartida, dez coisas que as crianças de 5 a 13 anos conseguem fazer sem problemas:
1 - Operar um leitor de DVDs (67%)
2 - Fazer login na Internet (5%)
3 - Jogar videojogos numa consola (Wii, Xbox ou semelhante) (50%)
4 - Fazer um telefonema (46%)
5 - Jogar numa consola portátil (Nintendo DSi, PSP ou semelhante) (45%)
6 - Usar um iPhone ou smartphone (42%)
7 - Trabalhar no Sky Plus (41%)
8 - Enviar uma SMS (38%) (Só????)
9 - Procurar vídeos no Youtube (37%)
10 - Usar um iPad ou tablet (31%)
Gente, as imagens do Telejornal de ontem incomodaram-me! Tive pena!
Do Passos Coelho? Não! Da criança! Vi uma mulher fora de si, a protestar e a enfrentar a polícia, com uma criança, que devia ter um ano, ao colo. A criança pareceu-me assustada.
Apeteceu-me dar um par de tabefes à mulher. Há gente que não tem consciência nenhuma!
Alguém me é capaz de explicar o porquê de alguns órgãos de comunicação social parecerem estar a branquear um crime horrendo e provado em tribunal ? Somos ou não um estado de direito ?!
Para quando uma campanha, para explicar aos pais que uma criança não é um qualquer bibelot ?! Uma criança é um ser humano a quem devemos dar tempo para brincar, pular, saltar, gritar e o nosso tempo para a acompanhar e que não tem botão on/off !?!
É obvio que o Ministério da Educação só podia ter uma atitude, a suspensão imediata de tal campanhã e levantar um inquérito sobre o assunto; mas nada que já não fosse esperado por quem teve a ignóbil ideia de por os putos a trabalhar.
Mas como tentar não custo e os tugas costumam ser cegos nestas andanças, então lá vai disto... Né!?