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Entrelinhas, estrelinhas e outras sopas de letrinhas

por Cristina Torrão, em 30.03.12

Até podem pensar que eu tomei a editora Maria do Rosário Pedreira de ponta, mas não é verdade. Está certo que fiquei incomodada por ela me ter acusado de não saber ler nas entrelinhas (mais pela maneira como o fez), mas isso não é motivo para a eleger como ódio de estimação. Quis o destino, porém, (ele há coincidências!) que eu lesse ontem a entrevista que o escritor/crítico/jornalista José Riço Direitinho deu ao Blogtailors. Inicia assim:

 

Como viu a discussão em volta da sua crítica ao último romance de Valter Hugo Mãe, O filho de mil homens?

 

Foi uma tontice, uma reação a quente. A maior parte das pessoas que se pronunciaram contra a recensão não tinha lido o livro. Não se pode levar a sério uma coisa assim. O que para mim foi mais estranho foi ter percebido que há pessoas que acham que há autores intocáveis, se calhar há, mas ninguém me avisou…

 

Uma dessas “pessoas” a que José Riço Direitinho se refere é a editora Maria do Rosário Pedreira, que, no seu blogue, se insurgiu contra o facto de este crítico ter dado apenas duas estrelinhas e meia ao romance de Valter Hugo Mãe (um seu “protegido”). Ora, acontece que os dois pertencem à mesma geração de escritores e um deles terá menos projecção nacional e internacional do que o outro. A fim de evitar fricções destas, Maria do Rosário Pedreira sugeriu que sobre os novos valores deveriam debruçar-se os mais velhos, a quem eles já não fazem sombra.

 

Quanto a mim, esta sugestão, além de restringir a liberdade de expressão, podia gerar situações caricatas e, mesmo, deselegantes. Imaginem que o Director de determinada revista contactava determinada escritora/jornalista e lhe dizia:

 

- Queria contratá-la para recensear os livros desta nova levada de jovens autores.

- Lamento, meu caro, mas não arrisco. É que tenho 35 anos…

- Ai, desculpe. Ia jurar que era bastante mais velha.

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