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Ninguém perde nada, pelo contrário, em conhecer esta perspectiva sobre um Homem e inferir que caminhos devemos trilhar a fim de afirmar a nossa portugalidade pelo menos tal como um suíço mediano afirma a sua helveticidade e um inglês habitual a sua anglicanidade. Coisas que envolvem saber, a fundo e com paixão, o de onde vimos, o orgulho patriota lúcido e abrangente de que nos deveríamos nutrir, não fosse dar-se termos a tutelar-nos a mediocridade ávida e instalada dos políticos e a avareza torpe do empresariado, tudo emulsionado para segregar uma dissolvência moral que verdadeiramente não sabe por onde ir, sabendo apenas querer ir por ali: pela lei do mais forte, pela lei do saque aos recursos públicos, pela lei da cunha, do favor, da sinecura, da corrupção generalizada. João Camossa era livre e Portugal era-lhe certamente bem outra coisa, sem idílios nem lirismos. Temos de abrir os olhos e perceber que Portugal só poderá reflorescer na sua identidade, coesão comunitária e amor-próprio pela mudança (pacífica mas aclamada) de Regime.
Parabéns ao Combustões. Muito pertinente a denúncia da completa nulidade da Direita e Esquerda Portuguesas com vocação prosaica a Estômagos sentados à mesa do Estado e nada mais: «A direita portuguesa, tão iletrada como arrogante, vive no seu nimbo, regozija-se e trava combates barrocos pela sua Torre de Marfim; ficou refém dessa tão incensada coerência que deixou de poder actuar, não vão os pés trair as sacrossantas escrituras que ninguém leu. Vai atrás de qualquer Manuelinho, recusa o mais insignificante gesto de reflexão. É inútil, não dá em nada. Quanto à esquerda, tão envolvida no saque de sinecuras, já nem quer pensar; vive aboletada no amiguismo parece-bem, é comunizante sem ser comunista, marxizante sem citar Marx e revolucionária só e quando a alcatifa, o whisky ou a alta cilindrada não sejam questionados. Essa esquerda é sinónimo de "maldita geração de 70" ou zeca-afonsismo refastelado no melhor Divani & Divani. Acabará, com um novo regime, na lista de espera do lugar que sobrar no devorismo e na adesivagem, materiais com que se fazem todos os regimes em Portugal.» Miguel Castelo-Branco, Combustões