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Um cromo

por Eduardo Louro, em 22.01.14

 

 

Já aqui escrevi várias vezes sobre o que considero a vergonhosa aprovação da proposta de referendo, na passada sexta-feira. Resisti sempre em escrever o que quer que fosse sobre a atitude da vice-presidente do PSD e do grupo parlamentar, a deputada Teresa Leal Coelho, que se ausentou do hemiciclo na altura da votação e, depois, apresentou a sua demissão da vice-presidência da bancada.

Não é figura por quem nutra especial admiração, já aqui foi de resto referida em circunstâncias pouco abonatórias, personalizando sempre o mais acéfalo seguidismo que a grande maioria dos deputados revela. Um cromo da política!

Fiquei por isso surpreendido. Nunca a imaginaria a desafiar o poder, não a julgava capaz daquela verticalidade que faria supor lealdade a princípios e valores de que a julgaria arredada.

Era no entanto tal a pedra no sapato que nem essa surpresa me levou, apesar da tentação – se há coisa que gosto é de corrigir as minhas próprias impressões quando reconheço que estão erradas –, a louvar a sua atitude e a revelá-la como o raio de luz que brilhou naquela tarde negra do parlamento. Não me arrependo: afinal, quer a proposta quer a fixação da disciplina de voto, tinham sido aprovadas por unanimidade pela Comissão Política Nacional, em 22 de Outubro. Afinal a senhora concordara com aquilo tudo e, vá lá saber-se porquê, mudou depois de ideias…

Está-se sempre a tempo de mudar. Não há mal nenhum nisso, especialmente se for para melhor. Mas um cromo é um cromo!

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Verbos de encher

por Daniel João Santos, em 17.01.14

Haja paciência para o elevado grau de infantilidade que abunda em grande parte dos deputados da nossa nação.  Votar contra a própria consciência, contra os nosso valores e depois apresentar uma declaração de voto, não pode de maneira nenhuma limpar o peso que nos cai em cima. Tenho por norma seguir aquilo que acredito e saber pensar por mim. Existem coisas mais importantes que o lugar de deputado: a nossa consciência, o que nos dá coluna vertebral. Pode a senhora deputada Francisca Almeida dizer que é contra. Pode a senhora deputada Teresa Leal Coelho se demitir da direção da bancada do PSD e se ter ausentado na votação. Podem até apresentar dezenas de declarações de voto, mas não vão limpar a imagem de paus mandados, verbos de encher que deram hoje. Como disse o Eduardo em baixo: São alforrecas (os deputados), em vez de gente. Sem espinha que segure um corpo direito não há gente.

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E a vergonha? Não se referenda?

por Eduardo Louro, em 17.01.14

Da Assembleia da República chegou-nos hoje, mais que mais um motivo de vergonha, a prova insofismável de que este regime, o regime destes partidos e desta gente destes partidos, atingiu a mais profunda e negra decadência. Está podre e a cheirar muito mal!

O referendo proposto pelos rapazolas da JSD, que as linhas com que se cozem os caducos partidos do sistema fazem que seja maioritária no grupo parlamentar, e aprovado por 103 deputados do PSD – e pela abstenção dos deputados do CDS, ao arrepio de tudo o que tinham declarado - que cumpriram a imposta disciplina de voto, revela bem o ponto a que esta partidocracia nos levou.

Onde não há respeito pela democracia nem pelo próprio parlamento, a sua dita casa. Levar a referendo uma matéria a que a Assembleia da República acabou de dar corpo de lei, é um golpe, não tem outro nome. Impor disciplina de voto numa matéria que é claramente do domínio da consciência individual é apenas reforçar o sinal do golpe.

Onde os deputados não são mais representantes de nada que não do aparelho que os comanda. São alforrecas, em vez de gente. Sem espinha que segure um corpo direito não há gente…

Onde não há futuro porque, como o Daniel diz abaixo, são jovens, com a vida pela frente, os protagonistas desta pouca vergonha…

Que, evidentemente, não terá por onde passar no Tribunal Constitucional!

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Um triste referendo

por Daniel João Santos, em 16.01.14

Já por aqui escrevi a minha posição sobre a co-adopção e a adopção propriamente dita, por casais gays. O problema não está no referendo, que a realizar-se será um dos maiores fracassos da nossa democracia, o problema está em ser ideia de uma "juventude" de um Partido. Se me disserem que a historia do referendo veio de fato e gravata, embrulhada em ideias retrogradas e a cheirar a mofo, de alguma ala mumificada do Parlamento, eu acredito. Agora, vinda de jovens, que supostamente teriam uma nova e mais moderna visão sobre o mundo, é no mínimo triste.

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Debate fora de horas

por Eduardo Louro, em 27.05.13

Já dei, aquiaqui nota da minha surpresa pela falta de debate em torno da co-adopção, chegando a adiantar algumas hipóteses – umas simpáticas, outras nem tanto - para isso.

Começa agora a perceber-se que a discussão que faltou antes não falta agora, depois de aprovada a lei. É mesmo o tema de hoje do Pós e Contras, o programa da RTP que, sem que perceba bem por quê, foi transformada no grande fórum de debate das grandes questões nacionais…

E já se percebeu por que é que o debate está agora lançado. É que, tal como há quinze anos atrás, no primeiro referendo à legalização do aborto, as contas saíram furadas. Na altura foi um dia de sol de finais de Junho que tornou a praia bem mais apelativa. Dando como certa a vitória do SIM, as pessoas preferiram a praia à Assembleia de Voto, mesmo não sendo incompatíveis. Agora, foi a liberdade de voto dada aos deputados do PSD que trocou as voltas aos que davam como certo o chumbo da proposta de lei do PS. A surpresa não foi muito diferente!

Os surpreendidos de então tiveram de esperar quase dez anos. A oportunidade para legalização do aborto chegaria só em 2007. Os surpreendidos agora não estão dispostos a esperar. Querem resolver isto já, mesmo que seja em Belém. E lançam agora o debate que não fizeram por serem favas contadas!

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Medos ancestrais

por Cristina Torrão, em 18.05.13

Um menino que vive em casa de duas mulheres nunca poderá perceber o que é um homem.

 

Será que Luís Villas-Boas, diretor do Refúgio Aboim Ascensão, não põe a hipótese de esse menino sair de casa?! Não põe a hipótese de esse menino brincar com outros meninos e conviver com homens crescidos (parentes, ou amigos da família)?

 

O que mais me dói é constatar que a mentalidade medieval ainda reina em Portugal. A mulher é ainda a causa de todos os males, o ser que trouxe o pecado e a morte ao mundo. Luís Villas-Boas também podia ter piedade pela menina que vive em casa de dois homens. Mas não! Dela não se lembra o senhor!

 

Eu, pelo contrário, lembro-lhe que há meninos órfãos de pai, que vivem com a mãe e as irmãs. Meninos que vivem, não com duas, mas com três, quatro, ou cinco mulheres!

 

Coitadinhos! Se calhar até aprendem a sentarem-se na sanita para fazer xixi!

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Um grande passo

por Daniel João Santos, em 17.05.13

Depois de Áustria, Finlândia, Alemanha e Israel, Portugal é o quinto país onde a co-adopção de crianças por casais homossexuais foi aprovada.

 

Foi, para mim, um extraordinário passo no percurso que ainda falta pecorrer.  No entanto, para alguns os armários continuam cheios de esqueletos.

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A dúvida que me fica

por Eduardo Louro, em 17.05.13

Lembro-me do debate da legalização do casamento entre homossexuais. Lembro-me que os que se lhe opunham acabavam por mitigar essa sua posição, relativizando a importância desse acto para enfatizar um outro, que estaria afinal por trás da legalização do casamento. Diziam que a seguir viria a adopção, e que esse sim, seria o problema…

Isto passou-se há pouco mais de três anos. Hoje, na Assembleia da República votam-se dois projectos sobre a matéria, e pelo que se vê, a co-adopção não levanta grandes fracturas na sociedade portuguesa. Nem entre os que há três anos atrás encontravam aí o grande problema do casamento que então se legalizava…

Quererá isto dizer que a sociedade portuguesa progrediu em três anos mais que anteriormente em décadas? Que atingiu a maturidade política e cívica das sociedades mais desenvolvidas, civilizadas e educadas?

Ou será que a crise também tem alguma coisa a ver com isto?

Fica-me a dúvida...

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