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Vida negra

por Eduardo Louro, em 27.11.15

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Como diz a canção, hoje é o primeiro dia do resto da vida ... deste que é o XXI primeiro governo constitucional. Um governo que o Presidente não queria por nada, tudo fazendo para começar a desgastar ainda antes de empossar.

Cada um dos inúmeros episódios destes últimos 50 dias, naquilo que aqui fomos chamando de processo de encanar a perna à rã, não teve outro objectivo que desgastar e desacreditar a solução de governo que resultou das eleições de 4 de Outubro. As ameaças que ontem, no acto de posse do governo, Cavaco deixou no ar não são outra coisa.

Nas poucas semanas que lhe restam em Belém, Cavaco vai continuar a fazer a mesma coisa. Não vai demitir o governo, mesmo tendo esse poder. Mas vai, tanto quanto puder, fazer-lhe a vida negra!

Valha-nos que, mesmo com os poderes intactos - e legitimados pelo voto directo e universal, como fez questão de acentuar - pode pouco. Porque, mesmo que formalmente a mantenha, há muito que perdeu de facto essa legitimição. E hoje não é mesmo mais que o último reduto da direita mais ressabiada e míope.

Já bastam as dificuldades de toda a ordem que este governo vai ter pela frente. Já bastam os equilíbrios de sustentação que tem que gerir, os alçapões da governação destes últimos quatro anos e meio - e até a minagem deste últimos meses - e as enormes dificuldades estruturais que o país tem para vencer. Para ter vida difícil o governo não precisa nada das rasteiras do presidente.

Pelo contrário, ao dedicar-se a fazer a vida negra ao governo em vez de tranquilamente fazer as malas e a limpar as prateleiras, Cavaco só reforçará e prolongará a vida ao governo que detesta!

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E lá vai mais uma semana...

por Eduardo Louro, em 23.11.15

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As questões que Cavaco decidiu colocar a António Costa sobre os "documentos" "distintos e assimétricos", não passam de mais um episódio da sua obstinação de encanar a perna à rã.

São o que são, e merecem a resposta que têm. Nenhuma!

E servem apenas para confirmar aquilo que há muito aqui tinha sido dito: não podendo fazer nada para impedir a posse deste governo, Cavaco aposta em, primeiro, fritá-lo em lume (pouco) brando. No seu desígnio de lhe minar o futuro...

 

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Cada fisgada cada melro

por Eduardo Louro, em 18.11.15

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Quando - vai para trinta anos - a troco de um prato de lentilhas, Cavaco mandou destruir a frota pesqueira nacional, não estava a cometer um crime contra a economia nacional. Estava apenas a revelar uma rara visão de longo prazo, só ao alcance dos eleitos, de homens providenciais. Dos verdadeiros visionários!

Demoramos anos - quase trinta, vejam bem o avanço que nos dá -  a percebê-lo. Perdão, demorou anos a explicar-nos, mas finalmente explicou-o hoje, em plena Pérola do Atlântico, onde cumpria a sua missão de encanar a perna à rã, agora na fase a que pomposamente chamou Roteiro para uma Economia Dinâmica. Um Roteiro que se esgotou nas inaugurações de um centro de design, uma adega e um hotel. E numa visita a uma empresa de piscicultura.

Aí está. Quer dizer, foi aí. Justamente aí, que Cavaco explicou a revelação que o futuro lhe fizera há quase trinta anos atrás. A única forma - revelou hoje - de Portugal, enquanto grande consumidor de peixe, resolver o problema das suas contas externas é " produzir peixe nestas quintas de peixe, fish farms como os ingleses lhe chamam"!

Gostando os portugueses, como gostam, do seu peixinho para que é que o país queria uma frota pesqueira?

Para pescar, responderia o comum dos mortais. Para pescar o peixe de que os portugueses tanto gostam. Para nada, respondeu há trinta anos Cavaco. É que não só não são preciso barcos para apanhar o peixe na farm - talvez fisgas bastem - como essa é a ùnica forma de, por força dessa mania de comermos peixe acima das nossas possibilidades, resolver o problema das nossas contas externas.

E, com os cofres cheios e o problema das contas externas resolvido, qual crise, qual carapuça?

Cada tiro - perdão: cada fisgada - cada melro!

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Já não há paciência...

por Eduardo Louro, em 17.11.15

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Cavaco, pelos vistos divertidíssimo, continua a brincar com coisas sérias, dando sinais de irresponsabilidade pouco apropriados à função que ocupa no topo da hierarquia do Estado.

Entretidíssimo a encanar a perna a rã, e sem noção do ridículo a que se expõe, vem dizer que ele próprio esteve em gestão durante cinco meses. Percebe-se a intenção: se eu – ele, evidentemente – que sou eu, estive em gestão…

Não admira, sabe-se que se tem em boa conta. Nós, é que não. Já não conseguimos tê-lo em grande conta. Para encanar a perna á rã já não lhe bastava ir para a Madeira. Nem dizer que ainda lhe falta ouvir muita gente, para "recolher o máximo de informação junto daqueles que conhecem bem a realidade social, económica e financeira" do país. Faltava-lhe ainda comparar as circunstâncias de um governo em gestão, em 1987, entre Abril e Agosto – também não são exactamente cinco meses, como 2009 também não é 2011, mas a isso já nem ligamos – a meio da legislatura e no meio do ano, com o orçamento aprovado e em execução, com as da actualidade: com o país acabadinho de sair de eleições, às portas do fim do ano, sem orçamento e com as cadeiras donde a gente da troika levantou o rabo ainda quentes.

Alguém que lhe diga que já não há paciência…Que já não é um presidente - é uma afronta!

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Encanar a perna à rã. Porquê? Para quê?

por Eduardo Louro, em 15.11.15

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Não foi preciso mais que uma semana para perceber por que, numa altura em que, mais do que nunca, o país precisa de rapidez na decisão e na acção, Cavaco decidiu dedicar-se à infrutífera tarefa de encanar a perna à rã.

Se dúvidas houvesse, o novo (velho) pregador das noites de domingo, encarregou-se de acabar com elas. Marques Mendes acabou de fechar a semana ao jeito dos desígnios de Cavaco, enquanto a rã teima em não põr a perna a jeito. Segue-se ainda mais uma semana, agora com mote dado pela batuta do pequeno maestro.

"O acordo é um queijo suíço", cheio de buracos por todos os lados. Não garante estabilidade nemhuma, e é mesmo uma "provocação ao Presidente da República". E continuam a chamar-lhe coligação, para embrulhar melhor a prenda

 Foi exactamente para isto, para que este tipo de discurso comecasse a ganhar forma, e a engrossar ao ritmo de uma bola de neve, que Cavaco decidiu gastar tempo a ouvir as confederações empresariais do comércio, da agricultura, da indústria, e do turismo, mas também as associações empresariais de tudo e mais umas botas, incluindo a das empresas familiares. E ainda aplicar mais uns dias numa visita às tagarras que há uns anos deixara para trás, e cujas pernas não têm nada a ver com as da rã.

Tem ainda mais uma semana. Esta que vai entrar, já com o discurso devidamente estabilizado e em velocidade cruzeiro para, a 25 de Novembro, como fez questão, anunciar ao país a sua decisão. Uma decisão que, como é já habitual, não terá muito - ou mesmo nada - a ver com o interesse nacional que tanto gosta de apregoar. Apenas com os seus, normalmente mesquinhos. Inviabilizar o governo de António Costa com apoio maioritário na Assembleia da República é o desígnio de Cavaco para este fim de mandato. Um desígnio que parte de uma missão impossível - encanar a perna à rã -, passa por outra de algum grau de dificuldade - não é fácil deixar de dar posse a esse governo - para se concretizar em toda a plenitude na missão de o matar à nasecença. Mais do que empossar ou não o governo de António Costa, o desígnio de Cavaco é minar-lhe o futuro. Para que seja curto e duro!

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Encanar a perna à rã

por Eduardo Louro, em 10.11.15

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Chama-se a isto encanar a perna á rã. Não bastou que, na hora de marcar a data das eleições, não se tivesse preocupado minimamente com o orçamento, mas apenas com os seus interesses eleitorais. Ou os dos seus... Não bastou que no o actual quadro político tenha já queimado um mês. É ainda preciso ouvir sabe-se lá quem e sabe-se lá para quê...

O actual Presidente da República é muito selectivo na urgência e na necesssidade do Orçamento. Agora não tem pressa nenhuma, nem que de Bruxelas clamem por um papelito que seja, mas nem sempre foi assim. Houve tempos de muita pressa, em que não se podia perder tempo com minudências. Prescindiu sempre de exercer o dever de fiscalizar as sucessivas inconstitucionalidades nos sucessivos orçamentos de Passos e Portas, para não perder tempo. Para que o país não corresse nunca o risco de ficar sem orçamento... 

 

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Como sabem...

por Eduardo Louro, em 28.10.15

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Alvo de críticas de todo o lado, interna e externamente - especialmente aí, arrasado pela imprensa internacional, que chega até a recuperar a imagem da Península Ibérica das ditaduras de Salazer e Franco -, isolado e renegado até pelos mais fiéis seguidores, Cavaco vem dizer que não se arrepende "de uma única linha do que disse". 

Não deixa ninguém surpreendido. Toda a gente sabe que não se arrepende de coisa nenhuma, que nunca se engana e raramente tem dúvidas, como é próprio dos homens providenciais que sempre quis fazer crer que era.

Mas quando diz que "Como sabem nunca tive nem tenho qualquer interesse pessoal, desde o primeiro dia do meu mandato, até ao último dia do meu mandato guiar-me-ei sempre, sempre, sempre pelo superior interesse nacional", fica imperdoável.

Não que a narrativa tenha alguma novidade, é velha de mais e é a cara do sujeito. Estamos todos carecas de saber que, sempre escondido atrás do interesse nacional, não dá um único passo sem saber se é bom ou mau para o seu umbigo. Estamos todos fartinhos de saber que o político no activo que mais tempo de vida política leva, que há trinta e tal anos não faz outra coisa que não carreira política, não é político. Mas está acima deles, e abomina-os. Sabemos todos muito bem que ainda está para nascer alguém mais sério, mesmo que do seu lastro tenham saído muitos dos intérpretes dos maiores crimes de colarinho branco que o país conheceu. Todos - repito, todos - impunes!

Apenas porque quer fazer de nós testemunhas forçadas da sua narrativa. Já não se limita a repeti-la até á exaustão, vai mais longe. Já passou a fase da mentira que por tão repetida passa a verdade. Depois de tão repetida, a sua narrativa já não é apenas verdadeira, é indesmentível, sobejamente confirmada, e amplamente testemunhada.  "Como sabem". Como sabemos...

 

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O golpe de estado que correu mundo

por Eduardo Louro, em 26.10.15

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O "golpe de estado" que ontem (o)correu no país do Twitter, a lembrar a mítica transmissão radiofónica de Orson Wells da "Guerra dos Mundos", é bem capaz de, pelo excesso próprio deste tempo mediático e das redes sociais, ter acabado no efeito contrário, eventualmente diamentralmente oposto, ao pretendido.

É que provavelmente cirunscreve o "golpe de estado" de Cavaco a um simples fait divers e remete-o para o caixote dos likes e dos lol.

Provavelmente fica muito do espectáculo e muito pouco do que lhe deu origem. Da substância. Do que no Daily Telegraph se ecreveu: “pela primeira vez, desde a criação da união monetária europeia, um Estado-membro tomou a iniciativa explícita de proibir os partidos eurocépticos”. Que um italiano qualquer aproveitou para linkar, ironizando que a União Europeia declarara a suspensão da democracia em Portugal, obrigando os portugueses a continuar a votar até que o resultado fosse o pretendido.

É que é de um golpe de estado que se trata - sem aspas -, como escreve Ferreira Fernandes na sua crónica de hoje.

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Adivinhações

por Eduardo Louro, em 23.10.15

 

Ainda em ressaca do mais lamentável discurso alguma vez ouvido a  um chefe de Estado democraticamente eleito, que doravante deve ilustrar tudo o que um Presidente da República não pode ser nem representar, dei comigo a pensar quem é que Passos e Portas conseguirão recrutar para o novo governo.

Sabe-se que para, além de ambos, se manteria a Maria Luís. E que os do CDS, à excepção do Pires de Lima, seriam também para manter, até porque o resto do pessoal já está todo empregado, pelas notícias que se têm visto no Diàrio da República. O da lambreta tratou disso tudo, e deixa perceber que se manterá, no governo e na pasta. A Cristas deverá mudar de pasta, mas permance de pedra e cal no governo preso por arames.

O problema é que para o poder de sedução que Cavaco pede ao novo governo é preciso gente nova e.... sedutora. Estava a imaginar por aí uns figurões disponíveis a fazer uma perninha para a fotografia: aquilo era só um instante, era mesmo só pousar para a fotografia. Depois, logo a seguir, voltariam aos seus gabinetes de advogados... Aos conselhos de administração seria mais difícil, por isso por aí o campo de recrutamento seria sempre mais limitado. Mas a ameaça que Cavaco deixou, de manter o governo mesmo que chumbado na Assembleia da República, baralha-lhes as contas.

Contas podemos nós fazer. Basta esperar pelos nomes: se lá estiverem alguns dos mais sonantes - a sério, não é dos da treta - é certo que o passo seguinte não será manter o governo em gestão!

 

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Encurralado

por Eduardo Louro, em 22.10.15

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Cavaco podia, eventualmente até devia, tomar a decisão que tomou. Cavaco não podia, e muito menos devia, utilizar a linguagem que usou. Não podia usar a linguagem trauliteira que utilizou, não podia agitar o fantasma dos mercados, e muito menos convocá-los, chamá-los a participar na guerra que desencadeou. E não podia, de todo, apelar à sublevação dos deputados do PS.

É Cavaco a fechar o seu mandato como merece. Não merece mais que isto, encurralado no beco em que se enfiou!

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