Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Nasceu uma nova palavra. É germanófila, e não fazia falta nenhuma, porque já cá tínhamos de mais. Se há coisa que não falta na língua portuguesa é riqueza de expressões ajustadas ao acto de enganar, ludibriar, iludir, surrupiar, lixar, mentir dolosamente ou simplesmente mentir com simples dolo. Mesmo assim, aí está: Volkswagenizar!
Toda a gente volkswageniza e nesta altura, mais, ainda. Passos e Portas volkswagenizam em grande, à Passat ou Phaeton, volkswagenizam como se não houvesse amanhã.
Maria Luís é também viciada em Volkswagens. Segue-as à risca, tim tim por tim tim!
Não consigo expressar os meus sentimentos pela venda pública de dezenas de obras de Miró, pertencentes ao estado português e no total de 85 obras, que vão ser vendidas a preço de saldo e irrisório para os cofres nacionais. Recomendo lerem Fernando Delgado, no Pirra, que ele diz tudo.
Mário Soares segue e soma, sem sequer uma pausa para descanso. Não fosse isso, a deixar a ideia que dispara em todas as direcções e sobre tudo o que mexa, e seria bem maior o peso daquilo que diz.
Não fosse isso – isso e alguns flancos pouco protegidos que fazem com que se multipliquem os anticorpos – e o regime abanaria quando diz que os membros do governo são delinquentes, e que devem ser julgados. Não fosse isso e, como escreve hoje Fernando Dacosta no i, Mário Soares seria o líder da oposição que falta ao país. Não fosse isso, isso e o capital político que desperdiçou nas lutas eleitorais em que, fora de tempo e de nexo, se envolveu depois do seu último mandato presidencial, e seria a voz da ressonância do protesto português.
Não fosse isso e o eco da sua pergunta de hoje - “Porque é que o Presidente da República não é julgado pelo BPN?” - seria equivalente ao estrondo da própria pergunta...
É certamente inédito que, dentro do mesmo regime, um ex-presidente da república chame delinquentes aos membros do governo, reclame o seu julgamento e sugira que há também razões para levar a julgamento o presidente da república em exercício.
Se da parte do governo não veio qualquer reacção, já Cavaco reagiu de imediato, reiterando “que a única relação que teve com o BPN foi a de depositante”. Mas acrescentando mais uma razão para ser levado a julgamento: por mentir e enganar os portugueses que, como se sabe, não é em Portugal razão para tanto.
Porque, como está farto de saber que nós sabemos, ele não foi um simples depositante. Foi accionista, teve acções, por convite e sem preço de referência da Sociedade Lusa de Negócios, não cotada em bolsa. Lucrou - o lucro não é condenável, mas o lucro anormal é suspeito – em muito com isso. Porque, como ele está farto de saber que nós sabemos, Oliveira e Costa e Dias Loureiro quando fundaram aquela associação criminosa com nome de banco já não eram, como ele diz, ministros dos seus governos. Mas foi à sombra dos seus governos, do partido que liderava e contando com a sua protecção – como ficou mais que evidente na forma como aguentou Dias Loureiro no Conselho de Estado – que o fizeram. As acções que lhe foram parar às mãos reflectem isso mesmo: a sua sombra protectora!
Alguém viu por ai o senhor Oliveira e Costa, presidente do BPN no tempo em que o Banco era uma festa?
ps. Serviço público do 2711 em ajuda aos Tribunais que não conseguem encontrar o senhor.
Quem passou pelo BPN ou pela SLN tem direito a ser recompensado pelo incomodo.
À falta de outras políticas, o governo especializou-se na política selectiva de currículos. Pena é que o BPN não desapareça das nossas vidas tão facilmente como desaparece dos currículos!
Não deixa de ser curioso que o governo seja tão determinado em apagar o BPN da nossa memória colectiva como em pagar tudo o que dele reste. Apaga-o dos currículos, mas não das facturas que nos apresenta todos os dias!
Fora isso, ninguém percebe o que é que Rui Machete faz no governo. Menos ainda no Ministério dos Negócios Estrangeiros…
O BIC adquirira o BPN por 40 milhões de euros. À nossa conta tinham já ficado muitos milhares de milhões de euros – não se sabe, nem nunca se saberá, bem quantos: cinco, seis, sete, sabe-se lá...
O que se sabe é que, depois disso, o Estado – nós – já lhes devolveu 22 milhões. E que reclamam agora mais 100 milhões. Quer dizer, a conta já vai em 122 milhões, mais do triplo do que o banco luso-angolano pagara pela compra do filet mignon do BPN!
Tenho, por dever de ofício, a obrigação de esclarecer que é normal que, neste tipo de operações, o comprador acautele os chamados riscos contingenciais. Situações que, não tendo ocorrido à data da operação, podem previsivelmente vir a emergir no futuro. Mas, também pelo mesmo dever, tenho a obrigação de garantir que há soluções técnicas para as reflectir nas contas à data de referência do negócio. Que, depois, é isso mesmo – um negócio. Com riscos, como todos!
Todos, não. Em Portugal, quem negoceia com o Estado nunca corre riscos. Os governos de Portugal tomam sempre para o Estado todos os riscos. É sempre assim. É assim nas PPP, é assim nas privatizações... Que, vejam bem, são invariavelmente justificadas pelo simples facto de o Estado ser mau gestor. Mau negociador!
Porque eles – sim, aí o Estado já não somos nós, são eles - são maus gestores, vendem aos privados, bons gestores evidentemente. Tão bons que se aproveitam, logo ali, dos maus, dos incompetentes!
No escândalo BPN, este é apenas mais um. Depois de ter permitido a mega fraude, nacionalizou-lhe o passivo (BPN), deixando de fora os activos (SLN), nas mãos dos mesmos. Um passivo que rapidamente se multiplicou porque, lá está, o Estado é mau gestor. Por isso, depois vendeu, mas só o que interessava: uma rede de distribuição, a funcionar. Não se dando por satisfeito, o Estado – eles - deixa-lhes a possibilidade de dela fazerem o que quiserem, como e quando quiserem porque o Estado – nós – paga. Por enquanto, mais do triplo do que recebeu!
Ah! E alguém por aí sabe do Oliveira Costa, do Dias Loureiro e de mais uns tantos?
Quem souber faça o favor de dizer alguma coisa...
O fim da história, como legado de verdades depuradas pelo tempo, está aí.
Ministro da Economia elogia Franquelim Alves por ajudar a “desmascarar fraude no BPN”.
Eu até acredito que Franquelim Alves tenha ajudado a desmascarar a fraude do BPN, porque se estávamos à espera do Vítor Constâncio...
Apesar dos prejuízos que tivemos como o BPN, uns valores pornográficos, este governo vai mais longe e praticamente paga para o BIC ficar com o Banco.