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Já podemos contar a história de crianças do Novo Banco, o banco bom. Como a fada boa, que também há a má, ou a madrinha e a madrasta, mas que afinal é como o lobo, que só há o mau. Não há história de lobo bom...
É a história de uma bela donzela lançada num baile de debutantes, a quem se anunciava uma fila de pretendentes babados sem fim, que acaba o baile sozinha, sem noivo e sem ninguém por perto. Objecto de desdém e até de chacota!
Sabe-se quem levou a donzela ao baile, mas não se sabe ao certo quem os mandou. O que se sabe é que em vez da fila imensa de pretendentes vindos do mais ricos e nobres castelos das redondezas, apareceram apenas três rapazolas novos ricos, que olharam de alto a baixo com desdém e, sem papas na língua, acabaram a dizer que a mim não me convém. Não me convém!!!
De volta a casa, a madrinha, enfurecida, diz que o acompanhante a devia ter deixado com um dos rapazolas, custasse o que custasse. Porque, mesmo custando o que custasse, com a sua varinha mágica isso não custaria nada a ninguém. O pai, esse diz que não há pressa. Sem conseguir evitar que a boca lhe volte a fugir para a mentira inocente diz mesmo que nunca houve.
Era dado como certo que os chineses da Anbang lideravam a tabela classificativa das propostas de compra do Novo Banco. Que em segundo lugar se encontravam os americanos da Apollo, e por último os outros chineses, da Fosum, de Guo Guangchang, que já têm a Espírito Santo Saúde e a Fidelidade.
Falhadas as negociações, ontem, a notícia era que o Banco de Portugal passaria a negociar com quem apresentara a segunda melhor proposta, com os americanos. Ao final do dia soube-se que, afinal, as negociações decorriam com os chineses. Os outros, mas também chineses. Os da terceira melhor proposta, que era a pior...
Chama-se a isto transparência. Que começa logo quando se pega num (mau) regulador e se quer fazer dele um vendedor. Quando se é mau naquilo para que se está vocacionado e estruturado, como se poderá não ser se não pior naquilo em que se não tem nem experiência nem know how?
Está confirmada a recondução de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal. Depois de esconder a decisão durante algumas semanas, Passos Coelho confirmou-a. Poucas semanas depois do Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ter acusado, como acusou, o governador do Banco de Portugal. Numa semana em que as pensões da Segurança Social, e a sua sustentabilidade, estão no topo da actualidade, sem que ninguém fale dos milhões que o BES lhe destruiu. Com a responsabilidade óbvia de Carlos Costa. Que Cavaco, sempre na linha da frente na defesa das mais indefensáveis posições do governo de Passos, se apressou a ratificar. Não há ninguém em Portugal mais bem preparado para a função, disse ele.
Longe vai a velha ambição de Sá Carneiro. Estamos numa nova e triste era: uma maioria, um governo, um presidente ... um governador do Banco de Portugal ... uma Autoridade Tributária ... uma Segurança Social ... Tutti quanti!
Porque no poder tudo se compra. E tudo se paga!
O governo tinha de ficar de fora do superescândalo do BES, que fez do BPN uma brincadeira de crianças, para utilizar a terminologia do primeiro-ministro. O Relatório da CPI serviu-lhe os intentos, sacrificando Carlos Costa. Que se manteve firme e hirto, inabalável, quando qualquer pessoa digna e adequada à função, assim enxovalhada, não hesitaria em demitir-se.
Passos Coelho pagou-lhe o serviço. Limitou-se a pagar. Cavaco fez o resto, resgatou-lhe a credibilidade. Para, com isso, também ele lavar dali as mãos... Bem sujas, como bem nos sabemos, naquelas recomendações que ninguém esquece. As tais almofadas que garantia existirem ...
Este país é fascinante. A lei diz quem tiver participações superiores a 10 por cento numa empresa, tipo o BES na PT, que tem agora 10,03 por cento, recebe os dividendos livres de impostos. Quem tiver menos que isso, tipo um pequeno investidor com "meia dúzia" de acções paga imposto... já me esquecia, o BES comprou a percentagem que lhe faltava para os 10 por cento, vai receber 117 milhões, não pagando assim 34 milhões em impostos. Chama-se a isto, com a devida vénia a quem consegue defender esta coisa, uma verdadeira pouca-vergonha. Quem tem muito não paga, o pequeno paga pela medida grande.