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Depois de Passos Colho se ter anunciado como o que teve a ideia que desbloqueou o acordo, embora os socialistas tenham também se afirmado com tal, agora temos, segundo Rui Ramos no Observador o culpado da austeridade: François Holland. Segundo o nobre opinador os alemães são uns santos neste processo todo. As coisas que uma pessoa lê.
Enquanto a população sofre cada vez mais as agruras da crise, disparam os números da emigração e o país perde os mais novos e mais capazes, os boys vão-se instalando, aconchegando e acomodando.
Em Maio, como então aqui foi dada nota, já o governo tinha nomeado mais de 4 mil – 4463, com precisão. Dos motoristas – só o primeiro-ministro tem onze por sua conta –, com vencimentos superiores a médicos, soube-se até de um caso em que, à data da nomeação em Diário da República, o motorista nem sequer tinha ainda carta de condução.
Há três semanas atrás, como também aqui se deu conta, era o Secretário de Estado Carlos Moedas que nomeava dois jovens de 21 e 22 anos, acabados de sair da escola, mas especialistas. Desta feita, como conta o João Garcia no Expresso deste fim de semana, foi Jorge Barreto Xavier, o Secretário de Estado da Cultura, área que não tem orçamento para coisa nenhuma e onde o governo vai cortar 15 milhões de euros em despesas com pessoal, que recrutou para o seu gabinete um rapaz de 24 anos cuja qualificação é ser boy do PSD. O seu currículo não engana, e lá constam três workshops no Centro de Formação de Jornalistas (Cenjor) e um estágio de seis meses na Renascença, onde se seguiram oito meses de trabalho, antes de transitar para consultor de comunicação do PSD, onde permaneceu os cinco meses que antecederam esta nomeação. Que deixa este Secretário de Estado, como refere Henrique Monteiro hoje na edição digital do Expresso, com quatro adjuntos, sete técnicos especialistas, duas secretárias pessoais, um chefe de gabinete, dez técnicos administrativos, três técnicos auxiliares e, evidentemente, três motoristas.
Este boy tem um vencimento superior a 3 mil euros. Tanto quanto – conforme também João Garcia escrevia no Expresso – um médico chefe de serviço hospitalar sem exclusividade, mais do que um juiz de primeira instância e o dobro de um professor efectivo em início de carreira!
Esta gente não tem vergonha, nem por onde ela passe…
E lembrarmo-nos nós que ainda temos de aturar o discurso das Margarida Rebelo Pinto e dos João César das Neves …
Já estávamos habituados. Num relatório o FMI condenava a austeridade que prescrevera para Portugal, como se não tivesse nada a ver com aquilo. Noutro criticava a Alemanha, e chegava até a acusá-la de fazer excedentes à custa da austeridade que impõe aos outros.
No entanto, como parte da troika, nunca teve dúvidas. Nunca houve a mínima rotura, nenhuma quebra de coesão dentro da troika no que á imposição da austeridade respeitava. A imagem de alguma complacência e abertura do FMI, tantas vezes apregoada por muitos observadores, nunca resultou de outra coisa que não dos tais relatórios inconsequentes e contrastantes.
Poderia não se entender - e não se entendia mesmo - esta dualidade, mas era possível especular que uma coisa seria uma convicção serôdia e, outra, uma posição repartida num caminho que estava em curso, que não poderia ser unilateralmente alterada. O que não se entende é que, agora que do pós-troika apenas sabemos o que Pires de Lima e Rui Machete deixam cair, sem que da troika se saiba o que quer que seja, aí esteja mais um relatório do FMI, precisamente a continuar a carregar na austeridade atéao fim das nossas vidas!
O problema já não é um FMI bipolar. O problema é que eles continuam por aí. Continuam a mandar, seja lá como for: chamem-lhe segundo resgate, programa cautelar ou o que quiserem. Não há 1640 nenhum, pois não Paulo Portas?
Vem o FMI e diz que a austeridade não é solução. Vem o Departamento do Tesouro americano e avisa que a austeridade mata a União Europeia. Há unanimidade entre as principais instituições internacionais que a austeridade já passou das marcas e que é a própria democracia que passa a estar em causa. Mas a Comissão Europeia, quer dizer a Alemanha, permance cega e surda. Que não muda!
"O governo está determinado em prosseguir o seu caminho." - Pedro Passos Coelho
E quem lhe disse que os portugueses querem ir também?
Será que este calor que nos assola fez disparar a sede governativa na cobrança de impostos?
É que por este andar não há salário que valha aos trabalhadores, porque com tantos cortes, qualquer dia não existirá mais nada por onde cortar, e depois corta-se no quê?!
Ainda não aprenderam que o caminho definitivamente não é este?
O FMI admitiu hoje que foram cometidos erros graves nas politicas avançadas sobre a Grécia. Todos entenderam, após a leitura das afirmações, que a austeridade na Grécia apenas contribui para agravar a crise e afundar o país. Hoje, o FMI reconhece que a teoria não funcionou na prática. Em sentido contrário segue o senhor cavaco Silva, Presidente da Republica portuguesa. Cavaco Silva, num numero de contorcionismo circense -aviso que não falei de palhaços - interpreta que os erros do FMI foram o facto das politicas de austeridade não terem sido mais fortes e muito mais profundas. Para Portugal é muito preocupante quando alguém que deveria ser o garante da estabilidade do país, assegurando o regular funcionamento das instituições, abana por todos os lados.
Pois… Agora é toda a gente contra a austeridade. Desconhece-se é o que é que isso vale…
O governo foi para além da troika. E da troika veio o troco: não tem nada a ver com esta desgraça, a responsabilidade é de quem governa e aplicou o programa. Durão Barroso, em vez de presidir à Comissão Europeia, portou-se sempre como mero porta-voz dos interesses alemães. Como o cachorrinho de Merkel…
Poderíamos dizer que “Roma não paga a traidores”. Ou que Berlim mata o mensageiro para acabar com a mensagem… Mas também que Durão Barroso merece esta capa!
O atual governo, se é que o podemos ainda chamar de governo, procede a mais um atentado aos portugueses. Apesar do talento de Portas, conforme classifica Passos Coelho, todas as medidas agora avançadas são o continuar de uma agenda há muito definida e baseada em modelos académicos, que como diria Manuel Ferreira Leite: não servem para nem para o rascunho de uma teoria de mestrado.
O mais triste, mesmo muito triste, é o facto de para esta gente salários e pensões serem despesas, quando deviam ser retribuições por trabalho e ressarcimento de uma vida inteira de descontos.