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Televisões e jornais andam numa roda-viva, empenhados em abrilhantar a festa que o poder decidiu abrir por esta altura, para promover o circo eleitoral que aqui se está a instalar para estes próximos dois anos. Fazem lembrar a orquestra do Titanic, não percebendo que o país se continua a afundar cada vez mais.
Nunca como agora sobraram tantas razões de crítica ao comportamento da comunicação social, e em especial das televisões. E nem sequer me estou a referir ao clássico capital de alienação e ao papel anestésico das programações das generalistas.
Repare-se como as televisões estão cheias, a toda a hora, de políticos no activo, ainda no poder ou com o lugar que lá deixaram ainda quente, sempre no mesmo registo, sempre com a mesma mensagem… Como são pagos – e alguns como verdadeiras estrelas – para alimentar as suas ambições e promover os seus projectos políticos pessoais. Não têm apenas acesso gratuito a estas poderosas máquinas de popularidade e de publicidade. Não, ainda por cima lhes pagam!
Marcelo Rebelo de Sousa anda há anos a construir nas televisões a sua candidatura presidencial. Chegou a hora certa e, como se viu há uma semana, não se preocupa nada com essas coisas da vergonha na cara. Não hesitou em aproveitar aquele tempo que lhe é pago para dar o golpe de misericórdia em tudo o que pudesse ser adversário potencial, reservando logo ali o seu lugar ao mesmo tempo que dava um simpático empurrão no calendário. Que, evidentemente, lhe permite prolongar o mais possível o seu espaço semanal de contacto com os portugueses. Líder de audiências!
Também Marques Mendes, ainda ontem, aproveitou o espaço televisivo que lhe pagam para usar, para exibir um documento que, supostamente, o defenderia da acusação de ter participado num negócio nada claro de venda de acções, que os jornais trouxeram a público no início da semana que hoje acaba. Como é evidente, e tenha ou não responsabilidades na operação – as menos graves das quais seriam sempre as fiscais – não há documento fiscal nenhum que o possa neste momento ilibar. No entanto, e mesmo sabendo que (quase) toda a gente percebia isso, não hesitou em usar aquele espaço para fazer aquele número.
Quando tanto se fala de indicadores, isto poderá não ser um indicador, mas é certamente um indicativo da decadência do regime. Do cheiro a fim de regime que sente por todo o lado!