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Antigamente, era-se pobre, quando se passava fome, só se tinham trapos rotos para vestir e as crianças tinham de trabalhar, o que não lhes dava tempo para frequentarem a escola. Deste ponto de vista, hoje em dia, a percentagem de pobres na União Europeia será mínima, mesmo num país “lixo” como Portugal. Só jovens desobedientes não vão à escola. E muitos dos pobres são obesos!
Na verdade, a pobreza actual está revestida de outras características, impossibilitando o avaliar das situações à luz dos parâmetros de há décadas atrás. Li um interessante artigo num jornal católico alemão, do qual traduzo parte:
A pobreza não se nota apenas no pouco dinheiro que se leva na carteira, as razões para que alguém se sinta pobre não estão relacionadas só com o que se recebe. O maior problema, para a maioria, é a dependência, quando o dinheiro para a subsistência não vem de um empregador, mas do Estado, ou da caridade alheia. Pobreza significa, ainda, ter-se menos oportunidades na vida, começando pelas lições de música para os mais pequenos, até à integração dos jovens no mundo do trabalho. Pobre pode ser o empregado do matadouro, mesmo que tenha emprego a tempo inteiro; a mãe desempregada, ou com emprego precário, que educa os seus filhos sozinha; o desempregado a longo prazo; o doente crónico; o filho de imigrantes. A pobreza tem várias faces e diferentes razões. O cliché do desempregado preguiçoso, que vive à custa de quem paga impostos, só se verifica em casos esporádicos. A questão não é, infelizmente, tão simples quanto isso.
Na verdade, a maior parte das pessoas sente vergonha por viver de subsídios sociais, o que leva à sua exclusão social, à solidão. Também a criança, cujos pais não têm dinheiro para a mandar para aulas de música, de desporto, ou para lhe pagar o cinema, o telemóvel, ou outras actividades exercidas pelos colegas da escola, se sente excluída e marginalizada. Sente-se pobre. Mesmo que esteja empanturrada de fast-food.