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O jornalista, tradutor e escritor austríaco Martin Pollack ganhou, na Feira do Livro de Leipzig, em Março passado, o Leipziger Buchpreis zur Europäische Verständigung, em inglês Leipzig Book Prize for European Understanding.
Martin Pollack vem de uma família nazi, o seu pai foi chefe das SS e da Gestapo, em Linz, responsável por inúmeras barbaridades, os seus avós eram nazis militantes. Como se vive com uma herança tão pesada? Como arcar com uma culpa que nos deixaram?
À semelhança de Sebastián Marroquín (embora num contexto totalmente diferente) Martin Pollack decidiu assumir as suas responsabilidades, com o objectivo de evitar a repetição dos erros do passado. Dedicou-se ao estudo da língua e da cultura polacas, assim como das línguas eslavas. Na sua carreira de tradutor e escritor, estabelece pontes com a Europa de Leste, tentando neutralizar ódios que ainda existem, uma missão que cumpre há trinta anos.
Martin Pollack escreveu, em 2004, um livro sobre o seu pai, o chefe nazi, expondo os crimes, pelos quais ele se envergonha. Numa entrevista, afirma que devemos olhar em frente, construir o futuro, mas, para isso, é importante superar o passado. Isso não significa, porém, pôr um tapete em cima do que aconteceu, fazendo de conta que não foi nada.
Nas suas próprias palavras (tradução minha): “Temos de pôr as cartas em cima da mesa, contar as histórias. Mesmo quando elas são extremamente dolorosas, ou nos fazem corar de vergonha. Na minha opinião, o entendimento só acontece, quando falamos e lidamos abertamente uns com os outros, olhando-nos nos olhos, ao mesmo nível.”
A história da nossa vida inicia-se antes do nosso nascimento. Todos nós temos uma herança, boa ou má. A diferença está no que cada um de nós faz com ela.