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No país das obras faraónicas...

por Renato Seara, em 26.10.10

... nada como uma múmia na Presidência. Bem poderia ser este o slogan da campanha de Cavaco Silva.

 

Cavaco Silva anuncia hoje, a sua recandidatura ao cargo de Presidente da República (PR). Nada de surpreendente. Não se esperava outra coisa. Acho também, que se manterá a tradição dos Presidentes da República uma vez eleitos, acabarem reeleitos. Foi assim com Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio. Não creio que desta vez seja diferente, até porque o povo português, que nas conversas de café "assassina uma e outra vez" os políticos do costume, é o mesmo povo, que depois no dia das eleições lá entrega o seu voto aos mesmos de sempre.


 

Cavaco não é, nem nunca será, "o meu candidato". O motivo principal não se deve a este paupérrimo mandato como PR, mas sim, o seu grande contributo, dado ainda enquanto primeiro ministro, para a actual situação do país. Foi este senhor o responsável pela catastrófica politica de privatizações (não que eu seja contra a iniciativa privada, muito pelo contrário), que originou a criação de monopólios e de uma dúzia de oligarcas, nos mais diversos sectores da economia, que hoje, explicam a falta de concorrência e por consequência a falta de competitividade da nossa economia, incapaz de gerar riqueza e sobretudo emprego qualificado.

 

Como PR, Cavaco, demonstrou acima de tudo conformismo, coisa que eu odeio. Não voto em conformistas. Voto em gente que se mostre com vontade para romper com o actual estado da nação. Cavaco, também mostrou-se merecedor, de alguns (poucos) aplausos, quando, contra a vontade dos sectores mais conservadores da sociedade portuguesa, sectores que constituíram a base da sua vitória, promulgou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Uma discriminação, que nos tempos que correm não fazia qualquer sentido. Cavaco esteve bem nesse aspecto.


No entanto, este mandato fica marcado, por um "ensurdecedor" silêncio, em relação a temas quentes, como aquele que envolveu Dias Loureiro. Fica marcado, pelo caso da espionagem encomendada e pela má imagem acerca das instituições do Estado, que o mesmo originou. Fica marcado, por um estapafúrdio comunicado sobre o estatuto autonómico dos Açores. Fica marcado, pela excessiva cooperação com o Governo de Sócrates, mesmo quando a ocasião, pedia vetos e puxões de orelhas públicas ao executivo socrático.


Acima de tudo, é um mandato que se revela insignificante. Um mandato, que pelo menos para mim, desprestigiou o cargo, já que este actual PR remeteu-se, a uma total insignificância. Neste momento tendo em conta as posições de Cavaco, ou melhor a falta delas, questiono-me: Afinal de contas para que serve o cargo de PR? Para passear? Para representar o país em bailes de gala? Para colocar os "sobrinhos" bem na vida?


São todos esses motivos e mais alguns, como o enorme respeito pela carreira profissional imaculada, pela independência e irreverência que promete trazer para a nossa vida politica que de momento só me vejo mesmo a votar em Fernando Nobre. Aconselho os portugueses, sobretudo aqueles que semanalmente, assassinam toda a classe politica, ou os condenam a cem anos de cadeia e outros tantos de trabalhos forçados, a seguirem-me o exemplo. É hora de mudar. É hora de dizer basta, utilizando um dos mais preciosos instrumentos conferidos pela democracia, o direito ao voto.

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5 comentários

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De candido a 26.10.2010 às 13:28

Não temos outra escolha! Pais do Monstro ou poetas, nunca.

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