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O OXÍMORO PATETA DO TIAGO

por joshua, em 21.12.09

Não. A questão aberta pelo Tiago em termos no mínimo desprezivos para com quem trabalha e recebe o só por sarcasmo chamado "mínimo caridoso" não pode ficar por aqui. Não vale insultar com argumentos pífios e depois fazer queixinhas quanto à terminologia com que se riposta. Que é que o Luxemburgo, que é um pequeno umbigo aristocrático repleto de portugueses, e onde se vive bem, possui que nós não possamos ter de igual modo e desde há décadas? Na verdade, o argumentário do Tiago, e até o do nosso António de Almeida, deveria ser completamente invertido: é caridade do contribuinte português sustentar uma classe política de gestores públicos nabos, improdutiva, incapaz de resultados e até fraudulenta por sistema. Disso padece o País. Disso sofremos por inteiro. Tiago e António de Almeida, que insistem em flagelar o Cristo errado, poderiam atirar-se a matar ao Cristo certo! É vê-los a ter tal coragem. Não. Sempre prontos a enforcar o Judas errado. O trabalhador. O Judas certo é esse empresariado esclavagista desde o ciclo da Pimenta, desde o do Ouro do Brasil, desde o do Cacau Africano, em pleno século vinte. Cinco séculos a dar tiros nos pés ou não fosse algum empresariado português asno exímio em garimpar milimetricamente o suor dos restantes portugueses que se lhes submetem ou deles decide depender em vez de emigrar. 

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21 comentários

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De Daniel João Santos a 21.12.2009 às 19:30

tenho esperanças que os tiros comecem a ser feitos na direcção certa. Na direcção desses que falas, que abusam do sistema e que deixam pouco para os outros.
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De joshua a 21.12.2009 às 19:56

Também tenho essa esperança.
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De João António a 21.12.2009 às 19:35

Os putos das calças de marca, deviam um dia receber esse mesmo salário e terem que sobreviver com ele 30 dias ! "Com as calças do meu pai também sou um homem"
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De joshua a 21.12.2009 às 19:55

Ainda há esperança em ensinar a esses putos o que custa passar com a miséria dos salários minimalistas portugueses.
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De Tiago Moreira Ramalho a 21.12.2009 às 19:43

Joaquim,

Ponto 1: o que o Luxemburgo tem é riqueza. Uma riqueza muito diferente da nossa.

Ponto 2: eu não defendo patrões e ataco empregados. Eu não sou advogado de ninguém. Eu defendo uma tese académica pura e simples e largamente divulgada. Aliás, basta olhar para os países mais desenvolvidos e com menos pobreza do mundo para se ver que não têm Salário Mínimo (Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia, Áustria, Itália, etc., num total de 31 países em todo o mundo).

Quanto a eu ser desprezível, é uma opinião do Joaquim. Mas se sou assim tão desprezível, trate de me desprezar. Feel free...
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De joshua a 21.12.2009 às 19:54

Meu caro Tiago,

Em primeiro lugar, não te considero nada e em nada desprezível. Não leste bem o que quis dizer. Acho é que te pronuncias de uma forma irreflectida e despreziva, isto é, que-despreza, sobre certos assuntos dos quais pareces ter nula experiência. A diferenciação qualitativa entre quem trabalha deita por terra um princípio solidário da dignidade essencial do trabalho.

Quanto a alguns países que citas em bancarrota ou não, deves historiar como, no caso Sueco, Finlandês e Norueguês, para se chegar ao fim de esse anacronismo chamado salário mínimo, se estruturaram sociedades altamente solidárias, com Sindicatos Imbricados na Sociedade, Construtivos e envolvidos a fundo com um Empresariado Culto, Recto e igualmente responsável do ponto de vista social.

Em Portugal temos apenas idiotas com teorias improváveis, estando todo o trabalho de promoção social e individual, por fazer assente apenas em modelos de pão ou peixe sem cana de pescar.

Sempre te considerei. Não compreendo por que me lês erroneamente.
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De manuel gouveia a 21.12.2009 às 21:37

Curiosamente nesses países também não existe trabalho escravo...
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De manuel gouveia a 21.12.2009 às 21:35

Brilhante! E mais não digo!
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De joshua a 21.12.2009 às 22:01

Nunca acabaremos de insistir num certo Ponto de Honra sempre inacabado de nele se insistir. Abraço.
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De manuel gouveia a 21.12.2009 às 22:08

Sem nos levarmos demasiado a sério, sem nos levarmos demasiado a sério...
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De Rui Figueiredo a 21.12.2009 às 21:48

E a malta pode ir viver lá para casa?Será que ele tem uma mercearia? É que se tem e se pôs o kilo do arroz, massa, carne e peixe, gás, electricidade, água e livros para os filhos, tudo a 0,10€ até defendo que o ordenado mínimo desça para 100 Euros ou então que deixe mesmo de existir! Sempre gostei do sistema de senhas cubano!!! Pode ser que aumente assim o emprego para a malta. O tempo da escravatura já lá vai!!!
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De joshua a 21.12.2009 às 22:00

É como o Rui enuncia: não se desdobram eticamente na pele de quem vive com tão insultuosamente pouco e por isso nem imaginam a indignidade induzida na grande maioria. Abraço.
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De lusibero a 21.12.2009 às 21:49

JOSHUA: achas que eles têm t...... para, frontalmente, darem um tiro mesmo no Cristo Errado? "BOCAS DA REACÇÃO...
BEIJO DE
LUSIBERO
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De joshua a 21.12.2009 às 22:01

Não têm. O pior é que o Cristo Errado é a imensa maioria. Sempre sacrificada. Sempre visada.
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De Paulo Quintela a 22.12.2009 às 11:25

Até porque, a haver culpa, ela recai necessariamente sobre quem manda, coordena e planifica e não sobre quem executa, muitas vezes em troca de parca recompensa e sob péssimas condições de trabalho.

Aproveito para referir que, embora não compartilhe das tuas posições monárquicas, há um homem da tua área com uma visão moderna, assertiva e progressiva, que eu admito bastante, até pelo trajecto que fez neste país, refiro-me ao Prof. Gonçalo Ribeiro Teles.

Um abraço.
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De joshua a 22.12.2009 às 11:35

Sem dúvida que as responsabilidades assacáveis aos que planificam, gerem e contratam costumam morrer solteiras e os seus bónus e prémios aumentam sempre, muito para além dos resultados.

Citas, e muito bem, um grande português que deveria ser mais e melhor escutado por quem de direito, hoje entregue à mera intrigalhada de baixa política.

Aquele Abraço

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De António de Almeida a 22.12.2009 às 11:29

Ou não percebes ou não queres perceber o que é a Lei da oferta e procura. Hoje não encontras pessoas a trabalhar em limpezas ou construção por um valor sequer perto do SMN, já te perguntaste porquê? Eu ajudo, nada teve a ver com sindicatos, nunca precisaram de qualquer Carvalho da Silva ou outros que tais, muitos não têm sequer vínculos prolongados, nem querem, mas ganham bom dinheiro, sabes porquê? Porque não tiveram a mão protectora do Estado a zelar por eles, o mercado funcionou, como funciona sempre. Falaste no Luxemburgo, por acaso julgas que os nossos emigrantes chegaram lá e trataram de procurar contratos de trabalho sem termo, regalias sociais e salários mínimos? Ou arregaçaram mangas e procuraram trabalhar? O desenvolvimento de um país não se alcança com excessiva burocracia, normas, regulamentos e garantias. Isso é próprio de países socialistas, ora como sabemos o socialismo sempre levou à miséria. Sem salário mínimo poderia existir a tentação dos patrões pagarem um pouco menos pelo trabalho, mas teriam progressivamente cada vez maior dificuldade em encontrar quem trabalhasse, a existência do SMN é em si mesma uma aceitação da mediocridade existente. Onde o Estado não deveria intervir.
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De joshua a 22.12.2009 às 12:01

A lei da oferta e da procura, tal como a enuncias, funciona melhor em países onde predomina uma ética protestante de rigor e lealdade na prestação de contas e no encarar a força de trabalho numa óptica comunitária, dignificável e sob promoção e progressão garantidas.

Em Portugal, conforme verificas nos cartéis implícitos constituídos após a propalada liberalização dos combustíveis, a lei da oferta e da procura transformar-se-ia numa selvática oportunidade para esmagar os salários, continuar a mecanização industrial que elimina postos de trabalho, contratar mais boazonas polacas e ucranianas para a cíclica apanha grátis de amoras e morangos no Alentejo.

O consumo interno português, António, já deves ter reparado e se não reparaste, eu posso ajudar-te, recordando-to, é miserável e decairá ainda mais no próximo ano. Isto deve-se simplesmente ao rendimento geral disponível que é baixíssimo e indigno. O drama português pode resumir-se a isto: o paradigma da mão de obra barata por décadas a fio levou a um consumo interno quase irrelevante por anos a fio. O desemprego massivo recente somado aos baixos rendimentos habituais deprimiu ainda mais o consumo interno tornando-o anémico e terceiro-mundista. As micro e pequenas empresas ressentem-se imediatamente, fecham e despedem. E assim sucessivamente.

Regressando à lei da oferta e da procura, era preciso uma cultura ética e hábitos que não existem no País. Apostar nas exportações, na tecnologia, na inovação, são tretas recorrentes.

O SMN é um paliativo e uma forma sábia de antecipar, impedindo-o, um certo calculismo negreiro que não descola da genética de essa burguesia/elite sem sentido comunitário, social, e que deduz em Mercedes e Audis o que caberia ao Fisco arrecadar. Se o mercado interno morrer e agonizar, o que parece próximo, a lei da oferta e da procura [tal como a propões e o Tiago], essa múmia-Lei salvadora, representaria do meu ponto de vista a estocada final.

O que urge é robustecer o mercado interno, distribuir melhor a riqueza, recompensar progressivamente quem a produz, simplificar o Código Fiscal, criar condições irresistíveis para o investimento estrangeiro, moderar a ganância dos ultra-bem pagos, reduzir a carga fiscal sobre as empresas.
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De Jorge Assunção a 22.12.2009 às 15:08

Eu reformularia isto:

"A questão aberta pelo Tiago em termos no mínimo desprezivos para com quem trabalha e recebe o só por sarcasmo chamado "mínimo caridoso" não pode ficar por aqui."

para:

A questão aberta pelo Joshua em termos no mínimo desprezivos para com quem não trabalha e não recebe porque existe o "mínimo caridoso".

O problema, caro Joshua e demais intervenientes, é que vocês preocupam-se com os que recebem o mínimo, esquecem-se dos que não recebem nada porque existe o mínimo. É essa a teoria dos liberais tão criticados por estas bandas: o salário minimo provoca desemprego. E, já agora, não acredito que os empresários façam caridade porque o governo assim o pede, se acreditasse, até podia tentar aceitar o salário minimo. O problema é que os empresários não fazem caridade, por isso, se o governo decide administrativamente que o minimo que podem pagar é x, e os patrões só estão dispostos a pagar x-y por um qualquer trabalho, pura e simplesmente não contratam, e o desemprego aumenta. Simples lógica liberal que gostava de ver desmontada pelos que aqui escrevem.
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De joshua a 22.12.2009 às 18:47

Jorge, não te parece abusivo explicar que os que não recebem nada «não recebem porque existe o mínimo»? O modelo do mercado de trabalho de competitividade perfeita não passa de um modelo teórico, elementar, presente na maioria dos livros de economia, para principiantes das ciências económicas e é natural que entusiasmes de êxtases os principiantes. A realidade é uma outra coisa. Parece-me que quer tu, quer o Tiago, quer mesmo o António de Almeida lembram múltiplos de Lenine, ardendo não por aplicar o cientificismo socialista, mas liberalista num ardor que roça o desumano.

Nesses tais modelos teóricos e elementares, do ponto de vista do raciocínio econométrico, o preço do trabalho é supostamente determinado por um equilíbrio natural no valor marginal, devido à derivada unitária, o que provoca enganos, mesmo até entre economistas de determinadas escolas, pois entra-se na área da política, que é inseparável da economia, pura e teórica, onde a curva de oferta do trabalho supostamente intercepta a curva de procura. Ora, Jorge, tudo isto está distorcido por novas e complexas variáveis. A mecanização massiva determina o encerramento exponencial de postos de trabalho e a maximização dos lucros por parte de cada vez menos actores económicos, enquanto a base de consumo ela mesma não estiola e morre.

Os que não recebem nada não o recebem por causa do mínimo. Não o recebem em virtude dos novos paradigmas que interferem na vertente clássica da procura e da oferta em matéria de emprego. É urgente começar por ver isto como factor de perda quer de quem vive do trabalho e não da especulação financeira e de perda abrupta de quem nem sequer do trabalho ou do subsídio pode viver. Por isso é que este blogue defende um outro alvo em matéria de livre concorrência: balizar para baixo e em função do mercado, da economia, na sua proporcionalidade, todos os rendimentos de gestores público-privados, banqueiros e equiparados: o escândalo do que auferem nada tem a ver com a livre concorrência e com as leis do mercado. São as leis da ganância que regressaram e se sofisticaram.

Que não se pague por cá como se paga(va) no Dubai e nos Emirados. Mas que se faça um tipo de justiça retributiva que os países nórdicos com forte coesão e equilíbrio sociais performaram. O fosso português entre ricos e pobres não se resolve esmagando os salários mais baixos.

Neste ponto, as economias mais fortes da Europa estão se borrifando para periféricos governados por Palhaços, como os define com mestria Mário Crespo. Se estamos na Europa, nunca estivemos tão a sós e mal pastoreados para atacar as questões que se impõem.

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