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Histórias de Animais (20)

por Cristina Torrão, em 17.01.13

 

A preocupação por animais maltratados e abandonados e a sua consequente ajuda, por parte de pessoas que se compadecem deles, em tempos de crise, dá azo a inúmeras críticas por parte de quem não está sensibilizado para a questão animal. Então, o ser humano não está à frente de cães e gatos? Como se podem fazer campanhas a fim de pagar tratamentos hospitalares a um cão, quando há gente a passar fome?

 

Por outro lado, eu pergunto: o facto de haver gente a passar fome justifica o gesto de olhar para o lado, ao depararmos com um animal em grande sofrimento? Ajudarei alguém (pessoa, ou animal) com esse gesto? Alguém, no seu perfeito juízo, acredita que, se pararmos de tentar ajudar os animais, diminuirá a fome no mundo? O mesmo se aplica à angariação de dinheiro para, por exemplo, questões culturais.

 

A este propósito, costumo recordar-me de algo que se passou na sequência do desmoronamento do Bloco de Leste.

 

Quando a Roménia se revoltou contra o ditador Nicolae Ceauşescu e sua esposa, ditando a sua execução sumária, descobriu-se, naquele país, algo que arrepiou o resto da Europa. Durante décadas, o regime comunista romeno livrou-se de seres incómodos, note-se, crianças com deficiência, depositando-as nos chamados Spital, onde ficavam fechadas, longe dos olhares dos humanos "normais", até dos seus próprios progenitores, que tinham mais que fazer do que preocupar-se com filhos "anormais"! Caído o regime, o ocidente deparou com imagens horríveis desses inocentes, que vegetavam em instituições inenarráveis, sem o mínimo de higiene, nem cuidados, num sofrimento atroz.

 

A barbaridade gerou, e muito bem, uma grande onda de solidariedade. Organizações como a Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras canalizaram esforços e pessoal para irem tratar daquelas crianças. Os cidadãos europeus fizeram enormes donativos em dinheiro, comida, brinquedos e medicamentos.

 

A alguém passava pela cabeça que houvesse quem contestasse tal movimento?

Acontece que a maioria da população romena vivia na miséria e muitos desses Spital ficavam nas imediações de aldeias onde se passava fome e frio. A chegada das carrinhas da Cruz Vermelha, cheias de alimentos e outros mimos para as ditas crianças, começaram a ser alvo de ataques dos aldeões. Atiravam pedras, pondo a vida dos voluntários em risco, e davam asas à sua fúria: como podem pensar em ajudar esses anormais, enquanto nós vivemos na miséria? Não valemos nós mais do que um punhado de anormaizinhos?

 

Cada um tire as suas conclusões!

 

O problema não são os animais que vivem como pessoas. São as pessoas que vivem como animais.

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6 comentários

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De Daniel João Santos a 17.01.2013 às 20:33

mais uma vez: excelente.
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De anonimodenome a 17.01.2013 às 21:36

Excelente post.
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De maria a 17.01.2013 às 22:41

Parabéns pelo post!
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De Cristina Torrão a 18.01.2013 às 11:26

Muito obrigada
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De fatima a 18.01.2013 às 16:03

Excelente!

E já agora que a Cristina gosta tanto de animais, deixo-lhe aqui um miminho:

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/gato-adivinha-sempre-onde-esta-a-bola-com-video


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De Cristina Torrão a 18.01.2013 às 18:33

Muito obrigada, Fátima, adorei

Não conhecia este, mas já vi vídeos incríveis com gatos. Por exemplo: toca-se uma campainha uma, duas, três ou quatro vezes. À frente do gato, estão painéis pretos com uma, duas, três ou quatro pintas brancas e ele acerta sempre no número certo!! Lamento não te poder dar um link, vi esta experiência na televisão.

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